O presidente da Federação Internacional de Futebol (Fifa), Gianni
Infantino, considera os eventos que culminaram na suspensão
da partida entre Brasil e Argentina, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, na
tarde do último domingo (5), uma "loucura".
De acordo com a CNN Brasil, o gestor afirmou, nesta
segunda-feira (6), que o episódio é um lembrete das dificuldades enfrentadas
pelo futebol durante a pandemia do novo coronavírus. "Vimos o que aconteceu com
o jogo entre Brasil e Argentina, dois dos times mais gloriosos da América do
Sul", destacou.
Em discurso proferido, por vídeo, na assembleia-geral da
Associação de Clubes Europeus, ele também ressaltou, entretanto, que é
necessário se adaptar à nova realidade. "Alguns agentes, policiais e seguranças
entraram em campo após alguns minutos de jogo para tirar alguns jogadores - é
uma loucura, mas precisamos lidar com esses desafios, essas questões que vêm
com a crise de Covid", avaliou.
Membros da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa),
acompanhados de agentes da Polícia Federal (PF), entraram em campo logo
após o início da partida. A paralisação do jogo se deu mediante a justificativa
de que quatro atletas argentinos violaram regras sanitárias que versam pela
necessidade de cumprimento de quarentena, após passagem por países como África
do Sul, Inglaterra e Índia.
Atuantes na Premier League da Inglaterra, os jogadores teriam
passado pelo Reino Unido há menos de 14 dias. Esta informação, no entanto, foi
omitida no momento em que os atletas desembarcaram no Brasil, com a finalidade
de burlar os protocolos sanitários. Segundo a Anvisa, o responsável
pela ilicitude foi Fernando Ariel Batista, emissário da equipe argentina.
Ao tomarem conhecimento da irregularidade, os membros da
Anvisa entraram na Neo Química Arena, em São Paulo, onde a partida acontecia, para
retirar de campo o goleiro do Aston Villa, Emiliano Martínez, e a dupla do
Tottenham, Cristian Romero e Giovani Lo Celso. Também o meio-campista do Aston
Villa, Emiliano Buendía, que estava no banco de reservas.
De acordo com o documento oficial emitido pela Anvisa, os
jogadores argentinos preencheram os formulários de imigração com informações
falsas, ao não informarem seus paradeiros anteriores. Eles foram notificados a
deixar o país. Logo após o episódio, a Confederação Sul-Americana de Futebol
(Conmebol) decidiu suspender o jogo.
Segundo a CNN, a Polícia Federal (PF) disse, nesta
segunda-feira (6), que abriu um inquérito formal sobre as ações dos jogadores
argentinos, que foram deportados. "Podemos confirmar que uma investigação
começou sobre o possível crime de fornecer informações falsas", disse um
porta-voz, salientando, ainda, que os depoimentos dos atletas foram colhidos.
A Fifa informou que já tem os relatórios do jogo, formulados
pelos árbitros, em mãos. "As informações serão analisadas pelos órgãos
disciplinares competentes e uma decisão será tomada no momento oportuno",
afirmou a entidade, por meio de nota.
Segundo a Federação Argentina de Futebol (AFA), a Fifa
concedeu às duas federações seis dias para defender suas posições.