1-Feira tem uma epidemia de mortes por acidente de motocicleta, que lota 2/3 da Emergência, do HGCA. O vetor dos acidentes é a moto. Caso fosse proibida a circulação total de motos, em Feira, o que aconteceria com a epidemia?
3- Feira tem uma pandemia de Covid-19. O vetor da doença é o homem. Caso conseguíssemos colocar os 700.000 mil feirenses, isolados, em uma cápsula, por 15 dias , o que aconteceria com a pandemia?
4- O número de acidentes de moto cai no fim de semana porque tem menos gente circulando; o número de casos de dengue cai em um bairro toda vez que a PMFS vai lá, passa o fumacê, e reduz os mosquitos. Lockdown segue o mesmo principio lógico. Quanto menos contato humano, menos vetor de transmissão. Evidente que ainda há acidentes de moto no fim de semana porque ainda tem moto circulando; tem caso de dengue porque nem todos os mosquitos foram mortos; tem casos de Covid-19 porque o isolamento total é muito difícil, porque há atividades que não podem parar e a circulação não zera. Há contágio em casa, não porque se ficou em casa, mas porque alguém não ficou em casa, e levou o vírus.
A partir dos ítens acima fica claro que em nome do bom senso, da lógica, não podemos dizer que lockdown não funciona. Cidades e países que o fizeram bem feito mostram o contrário. Onde não funcionar é porque foi pouco.
Agora, se quisermos discutir que o lockdowm tem um impacto econômico que alguém pode achar excessivo; que exige apoio governamental; que deve ter prazos, locais, e intensidades bem definidos e não esse lockdown à brasileira que nem é , nem deixa de ser; que ele precisa ser acoplado a outras medidas; que lockdowm mal feito, e mal comandado, pode trazer agravos a economia, saúde física e mental, tudo bem. É um debate justo, muito justo, a ser feito.
O que precisamos é debater o tema nos aspectos corretos, sem sofismas, sem querer dobrar a realidade às necessidades circunstanciais de cada um e sem agredir a lógica mais elementar dessa, que é uma ferramenta efetiva de luta contra a pandemia.