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André Pomponet

Feira perde artista e agitador cultural Márcio Punk

06 de Setembro de 2020 | 20h 17
Feira perde artista e agitador cultural Márcio Punk

Hoje a Feira de Santana perdeu parte de sua alegria e de sua irreverência: morreu o artista e, sobretudo, agitador cultural, Márcio Antônio dos Santos, o Márcio Punk. Figura de múltiplos talentos, Márcio se notabilizou nos últimos anos à frente do movimento “O Beco é Nosso”, que tornou o estigmatizado Beco da Energia – ali numa transversal da Marechal Deodoro – um pulsante espaço de cultura, de interação e de celebração da vida, com marcantes exibições artísticas. Artes visuais e os mais diversos ritmos musicais atraíram para aquele ambiente artistas, intelectuais, jornalistas e a gente simples da Princesa do Sertão. Lembro bem dele por lá, com sua abnegação e seu entusiasmo juvenil, organizando tudo, preocupado com os mínimos detalhes. O alcance da iniciativa foi bem além dos eventos em si: funcionou aglutinando uma variada fauna feirense e viabilizou a troca de ideias, o contato mais estreito de gente engajada na cultura.

Não é exagero afirmar que o “Beco é Nosso” se firmou como um dos maiores eventos culturais da Feira de Santana nos últimos anos, não só por sua qualidade, mas também por seu ineditismo e, sobretudo, pelo pitoresco do seu palco: uma artéria esquecida no coração da Feira de Santana, recanto de antigos puteiros, transformada em espaço irradiador de cultura. Tudo graças à dedicação de Márcio Punk e de outras personalidades da cena cultural feirense. Tarefa hercúlea tocada por abnegados, já que a iniciativa nunca contou com apoio do poder público.

Talvez tenha sido melhor assim: a anárquica espontaneidade daquela turma frutificou numa série maravilhosa de eventos, marcando a vida cultural da Feira de Santana. Mas é necessário que ela permaneça e, para isso, agora o apoio se faz indispensável. 

Meses atrás fiz um texto, aqui mesmo no Blog da Feira, sobre o canto da casaca-de-couro, uma ave sertaneja de canto magistral que ouço com frequência aqui nas cercanias. Márcio Punk leu e achou curiosa a comparação da ave – com sua penugem arrepiada – com os punks. Agora à tarde – azul, ensolarada, maravilhosa – curiosamente não ouvi o canto da casaca-de-couro. Imagino que ela também esteja de luto pela morte do irrequieto artista. Morreu Márcio Punk e a Feira de Santana está de luto. Mas a sua contribuição à cultura feirense não pode ser esquecida.



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