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César Oliveira - Crônicas

Setembro não é longe demais

César Oliveira - 06 de Setembro de 2019 | 22h 51
Setembro não é longe demais

Eu sei e vocês sentem nas estações da alma que é Setembro, embora haja flores, no entanto, que desobedecem ao calendário, florescem em Abril e lançam seu perfume por uma vida inteira. As folhas do outono que forravam o chão, cedendo ao frio, são varridas. E nas manhãs de minha aldeia e do meu coração a neblina não cobrirá mais o sono dos que se tardaram amando.

Há, pressentimos todos, depois do longo e opaco outono, urgências de flores. Há extrema urgência de flores. Precisamos semeá-las em cada despedida para que não esqueçam que não é partir que afasta, mas não deixar cativo o espaço da volta. Precisamos de flores, pois, Setembro, sempre foi longe demais.

Precisamos das leiras dos olhos para semearmos lírios, jasmins, girassóis amarelos, açucenas e delicadas acácias, que sempre guardamos. E rosas. As rosas vermelhas, as rosas negras, as rosas amantes. Precisamos de mãos de jardineira, replantando os frutos das amendoeiras, pois, novas chuvas virão. As ruas de minha alma- as existentes, e as inventadas-, e a Getúlio Vargas, de minha cidade, irão florir seus flamboyants e a vida se iluminará de outro sol e tons.

Agora, que em algum lugar o mundo dorme exausto de existir, escrevo como se fosse minha primeira carta de alfabetizado , só para avisar que Setembro não é longe demais e que é preciso que se dê, urgentemente, por inaugurada, a primavera, em nosso peito e nos corações, para que se possam semear, ou dar posse, às últimas esperanças de amor.



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