O sábado foi movimentado no comércio da Feira de Santana. Tudo por conta da comemoração do Dia dos Pais. A garoa fina, feito poeira d’água, as poças de lama, o vento frio, nada disso desanimou o feirense que foi em busca do presente para o pai. As lojas de confecções da Sales Barbosa, as modernas lojas de departamento da Senhor dos Passos e as sapatarias envidraçadas fervilhavam de gente inquieta, em busca da lembrança que coubesse no orçamento.
Mãos ágeis remexiam prateleiras buscando camisas da cor desejada e no número adequado; nas vitrines, cada detalhe do calçado era examinado para caprichar na escolha; naquelas barracas espalhadas pelo calçadão da Sales Barbosa também não faltaram clientes que, nos intervalos das compras, recuperavam as energias devorando lanches expostos em mostruários de vidro.
As lojas do centro da Feira de Santana – sobretudo aquelas da Sales Barbosa – lembram o Brás paulistano, com suas dezenas de ruas que se espalham a partir do largo da Concórdia. As ruas, por sua vez, evocam o turbilhão da 25 de Março e o seu frenético mercadejar. Tudo muito pulsante, dinâmico, intenso, arrebatador. Com a crise, porém, parte do ímpeto se perdeu. Sábado viveu-se uma feliz exceção na rotina dura dos últimos anos.
Infelizmente, foi uma trégua que se esgotou no sábado.
E, afinal, quando o Brasil vai voltar àquela situação pré-crise econômica? É o que todo mundo vem indagando desde 2015, quando a recessão eclodiu. São quatro anos já e, cada vez mais, as expectativas de recuperação são lançadas para mais adiante. As projeções mais favoráveis apontam para, no mínimo, 2022, o que, para alguns analistas, soa como otimismo exagerado.
Hoje (12) veio mais um balde d’água fria: o Banco Central estima que a economia encolheu 0,13% no trimestre encerrado em junho. É uma prévia do Produto Interno Bruto, o PIB, mas costuma sinalizar corretamente. O número negativo soma-se ao resultado desfavorável do primeiro trimestre e, desde já, fareja-se recessão técnica. Ou seja: a economia não apenas não cresce, como pode estar começando a encolher de novo.
Até janeiro previa-se crescimento acima de 2%. O “mito”, com sua trupe ultraliberal, forçou os ventríloquos do “deus mercado” a aterrissar. Hoje, a projeção não passa de modestos 0,82%, caso a economia reaja. Noutras palavras: o “mito” e sua prometida redenção não apenas fracassaram até aqui, como já estão se tornando parte do problema.
Ninguém duvide que, para tergiversar, contestem metodologia de cálculo, acusem a imprensa de perseguição, farejem comunismo, sigam atribuindo a culpa às gestões passadas, mesmo já há tantos meses no poder. Faz parte: é o modus operandi do “mito”. Mas que isso resolve o crônico problema do atoleiro econômico, não resolve, não...