As mulheres foram as principais protagonistas do primeiro ato contra o governo de Jair Bolsonaro (PSL-RJ) aqui na Feira de Santana hoje (15). Organizadores e parte da imprensa estimaram em cinco mil o total de manifestantes. A maioria era do sexo feminino: professoras, estudantes, sindicalistas, servidoras de escolas e universidades públicas, mães com filhos pequenos, avós com cabelos alvos, mas, sobretudo, jovens que, em muitos casos, estão apenas na segunda década de vida. Replicam o padrão do “Ele não”, um dos principais fatos políticos das eleições presidenciais do ano passado.
Dois objetivos nortearam os protestos que aconteceram em mais de 160 cidades brasileiras: a luta contra o corte de verbas para a Educação – não foram apenas as universidades que sofreram redução, ao contrário da mentira propagada por muita gente – e a firme rejeição à proposta de reforma da Previdência que tramita na Câmara dos Deputados.
Aqui na Bahia, houve um ingrediente adicional: foram muitos – e incisivos – os protestos contra a política salarial do governo Rui Costa (PT), que não concede reajuste linear ao funcionalismo há quatro anos. Os cortes nos orçamentos das universidades estaduais replicam o padrão adotado em Brasília, afirmaram manifestantes. Os professores universitários baianos, inclusive, estão em greve e tiveram os salários do mês de abril cortados.
Sobrou também para o prefeito Colbert Martins, que figurou entre os alvos dos protestos, sobretudo dos professores da rede municipal. A artilharia, portanto, foi democrática – e justa – alcançado os chefes do Executivo das três esferas. O direito à educação com qualidade foi uma reivindicação de boa parte dos oradores que se sucederam sobre o mini-trio elétrico.
O percurso foi extenso e provocou paralisação parcial de boa parte das vias do centro da cidade: Praça Tiradentes – aquela do Instituto Gastão Guimarães –, avenida Getúlio Vargas, rua J. J. Seabra e avenida Senhor dos Passos figuraram no trajeto, que culminou com mais protestos no estacionamento da prefeitura. Foi visível a simpatia de quem acompanhava o ato nas calçadas.
Defronte à Câmara Municipal, muitas vaias. Nenhum vereador apareceu para apoiar o movimento. Pelo contrário: o desdém da atual legislatura replica o modus operandi de legislaturas anteriores. Desta vez não houve tapumes róseos, mas policiais militares foram mobilizados para garantir a integridade de quem estava na “Casa da Cidadania”. Alguém comentou, de forma jocosa:
- Devem estar debruçados sobre o projeto escola sem partido...
Um vendedor de milho, ali na rua Carlos Gomes, reforçava o coro do “Fora Bolsonaro”. Mais adiante, chateado, um ambulante reclamava que já queriam “impeachment para Lula voltar”. Quem estava em volta fingiu que não ouviu o comentário: ambulantes que seguram o rojão num país cuja economia não reaquece, apesar das sucessivas e frustradas promessas.
Além da presença feminina, foi muito ostensiva a presença de jovens. Uns trajando preto, muitos com adesivos, bandeiras, apitos e a irreverência típica da idade. Limitado e incompetente, Bolsonaro conseguiu atiçar as ruas – sobretudo os jovens – que costumam ser adversários temíveis. Foi assim em 2013, quando o petismo desdenhou das multidões.
E, em 14 de junho a coisa deve ferver, porque está programada greve geral...