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André Pomponet

Dia do Trabalho marca começo de rearticulação da oposição

André Pomponet - 02 de Maio de 2019 | 20h 34
Dia do Trabalho marca começo de rearticulação da oposição

Foi interessante o ato do 1º de Maio na Feira de Santana, mas também pelo Brasil. Para começar, foi escolhido um excelente local: aquela praça ampla que fica na Cidade Nova, às margens da BR 116 Norte e ao lado do terminal de transbordo. Amplo, o logradouro abrigou uma feira solidária e muitos ambulantes que vendiam água, refrigerante e cerveja a preços populares, para amenizar o calor. Por lá, passou muita gente pela manhã e no início da tarde, quando o ato foi encerrado com apresentações da Quixabeira da Matinha e do Roça Sound.

Sempre deserto, o centro da Feira de Santana não atrai gente nos feriados há muito tempo. Tudo bem que sua localização é central e torna os deslocamentos mais equânimes. Mas, por lá, não circula ninguém e a repercussão costuma ser tímida. Na Cidade Nova o comércio atrai muita gente e o fluxo pelo terminal de ônibus é contínuo. Foi o que se viu na quarta-feira.

Outra novidade positiva é que, pela primeira vez em muito tempo, as mais diversas vertentes partidárias, sindicais e sociais marcaram presença desde a fase de organização do evento, que se tornou, mais do que antes, obra coletiva. Pelo que comentaram muitos participantes, foi o embrião de um esforço mais articulado e que tende a mobilizar mais gente contra as deploráveis reformas urdidas em Brasília.

Muita gente que labuta no campo – um dos alvos preferenciais do novo regime – marcou presença, encorpando o movimento. Mulheres com saias coloridas, homens com chapéu e camisa social e mãos calosas. Professores, servidores públicos, artistas, gente ligada à cultura e à imprensa também se incorporaram ao ato. O movimento foi mais robusto que os anteriores, o que bafeja alguma esperança em relação aos grandes retrocessos que se pretende impor aos brasileiros. Mas segue sendo necessário ir além.

Nos discursos, os oradores ressaltaram a necessidade de brecar a reforma da Previdência nos termos propostos pelo governo de plantão. Mas sobraram farpas também para o governo estadual, que não concede reajuste linear ao funcionalismo há quatro anos. “O trabalhador brasileiro vive o pior momento desde a redemocratização”, pontuou alguém, sintetizando o pensamento geral.

Meses atrás eventos do gênero eram impensáveis. O êxtase grosseiro dos entusiastas do novo regime intimidou muita gente, que se recolheu, na defensiva. Mas, à medida que o descalabro vai ficando mais evidente, percebe-se o movimento oposto: eleitores do novo regime, arredios, estão se calando, constatando o equívoco; e as vozes que galvanizam a insatisfação vêm se tornando mais audíveis.

A incompetência de Jair Bolsonaro (PSL-RJ) e sua trupe está oferecendo o fôlego necessário para que a oposição comece a se rearticular. Obviamente, o clima ainda é favorável aos poderosos de plantão, mas à medida que o tempo vai passando – e percebe-se que, de lá, não virá nada além de ódio, cisão, perseguição e muitos clichês – a margem de manobra vai se reduzindo.

Os próximos passos preveem greve geral em junho. Caso o movimento seja robusto, será um elemento de pressão a mais sobre o descalabro que emergiu das urnas em outubro.



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