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André Pomponet

Falta planejamento não só na educação

André Pomponet - 01 de Abril de 2019 | 21h 35
Falta planejamento não só na educação

A jovem deputada Tábata Amaral (PDT-SP) fez sucesso cobrando do ministro da Educação, Ricardo Rodriguez – o colombiano indicado pelo badalado ex-astrólogo – objetivos, metas e responsáveis pelas ações do Ministério da Educação, em uma audiência na Câmara dos Deputados. Aquilo que ela cobrou é, até, bem elementar na administração pública. O desastroso é um ministro de Estado limitar-se a apresentar uma trinca de slides com uma lista de “desejos”. Isso três meses depois de assumir o posto.

O que desconcerta mais é que, pelo jeito, o ministro da Educação não é o único relapso. Que ideias mais concatenadas o governo de Jair Bolsonaro (PSL-RJ) trouxe à boca da cena? Só a liberação das armas; uma lista de medidas à feição do populismo penal; e uma proposta de reforma da Previdência que vai arruinar o sistema nas próximas décadas.

Afora isso, vivem caçando comunistas imaginários; fustigando a imprensa, que se limita a cumprir o papel dela; e demonizando aqueles que relutam em aderir à sua noção excêntrica de “patriotismo”. Além, claro, de encampar uma cruzada farisaica contra a “velha política”. Enquanto isso, os laranjais permanecem em flor, à espera das devidas explicações.

Essas tergiversações se desgastam. Aliás, já se desgastaram. E faltam quase quatro anos para o fim do governo. É muito tempo para se governar à base da tuitada, das provocações rasteiras, das declarações polêmicas. Problemas se avolumam exigindo solução, mas, sobretudo, um planejamento prévio. Planejar é requisito essencial para o êxito da administração pública.

Desemprego e pobreza

Há, no mercado, 800 mil desempregados a mais. Já passaram dos 13 milhões. O que o governo de plantão tem como proposta para essa gente? Reduzir direitos para gerar emprego? Michel Temer já esgotou o expediente e não deu certo, como todos sabem. E a pobreza? Com a crise, cresce o número de brasileiros pobres, sem nenhuma palavra sensata dos responsáveis pelo País.

De concreto, não existe nenhuma proposta. Deduz-se, com base no noticiário, que o governo pretende tocar as reformas e – caso sejam aprovadas –, supostamente, garantir o cenário adequado para a retomada dos investimentos. Pelo visto, depois das reformas, será com os empresários. Mas e se os investimentos não se confirmarem? Provavelmente, culparão os empresários. Parecem adeptos de uma espécie de liberalismo milenarista, com alta conotação religiosa.

Tudo isso orbita na dimensão do misticismo. Está lá num futuro idealizado. É claro que a administração pública deve perseguir um futuro ideal. Mas é necessário traçar um rumo para alcançá-lo. Exatamente aí entra o planejamento. É o que menos se vê no governo de plantão, como demonstrou o ministro colombiano na audiência da semana passada.

Muita gente repisa a tese de que os governos se ajustam com ao longo dos primeiros meses. Não parece ser o caso deste, que se pretende tão diferente, tão revolucionário. É bom não ir alimentando ilusões e se planejar – ironias à parte – para um futuro pra lá de turbulento no médio prazo.



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