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André Pomponet

Apesar da expectativa, não choveu no dia de São José

André Pomponet - 19 de Março de 2019 | 20h 55
Apesar da expectativa, não choveu no dia de São José

O dia amanheceu com o céu muito limpo na Feira de Santana. Sem nuvens, a luminosidade estava esplendorosa. É que a luz já vai perdendo aquele tom metálico característico do verão e assumindo as cores suavemente alaranjadas do outono. Mais tarde, lá pela metade da manhã, começaram a surgir fiapos de nuvens, muito alvos, na orla que céu. Depois foram avançando aos poucos, encorpando-se, até, às vezes, encobrir o sol por alguns instantes.

O cenário passaria despercebido se não fosse pela data: 19 de março é dia de São José, padroeiro da agricultura familiar e das boas colheitas no semiárido nordestino. A sabedoria sertaneja aponta que, caso chova na data consagrada ao santo, é sinal de boa colheita e fartura mais adiante, nos meses de inverno. Por isso as procissões, as missas e as promessas.

Durante o dia, nas cercanias do rural feirense, o trabalhador investigou com apuro se a chuva desenhava-se, se no horizonte longínquo enxergavam-se sinais de mudança do tempo. As esperanças, porém, vão se renovar para os próximos dias, conforme reza a tradição.

Nos últimos dois anos a trovoada não veio no mítico 19 de março aqui na Feira de Santana. Mas isso não impediu que dias depois – logo no começo de abril – a chuva caísse com a regularidade necessária, garantindo colheita e fartura para quem plantou. Sobretudo em 2017, quando o município emergiu da seca infindável que arrasou a agropecuária nordestina.

Fartura

Dados do Censo Agropecuário de 2017 indicam que existem, na Feira de Santana, 6,6 mil estabelecimentos tocados por produtores individuais. Boa parte é composta por agricultores familiares, que extraem da terra – nos venturosos anos de chuva – o sustento da família. É essa gente que aguarda, com ansiedade, a trovoada no dia consagrado a São José.

No século XX a indústria, o comércio e os serviços arrebataram o protagonismo que o rural – particularmente a agropecuária – exercia na economia da Feira de Santana. Mas, mesmo assim, é indiscutível a importância do segmento para a geração de trabalho e renda para parte da população feirense, sobretudo aquela mais exposta à pobreza.

Chuva no campo é sinônimo de oferta maior e de mais diversidade nas feiras-livres da cidade e de preços mais em conta. É o que deseja o consumidor feirense – sobretudo nesses tempos de recessão seguida de crescimento magérrimo do Produto Interno Bruto, o PIB – e o que anseia o produtor rural. Um ciclo virtuoso, que favorece todo mundo.

Apesar das esperanças, o calor permaneceu intenso ao longo do dia. Noutros tempos, tanto calor era sinal de chuva farta mais adiante. Mas os tempos – e o planeta – mudaram. O que não mudou foi a fé do feirense do campo em São José.



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