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Sindicato acusa empresas de ônibus de roubo

JULIANA VITAL - 02 de Fevereiro de 2015 | 10h 26

Dinheiro de empréstimos consignados foi descontado dos salários mas não repassado às instituições financeiras

Sindicato acusa empresas de ônibus de roubo
Nery: sindicato tenta obter garantias para pagamento das dívidas

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O sindicato dos trabalhadores em transportes rodoviários de Feira de Santana (Sintrafs) acusa as empresas Princesinha e 18 de Setembro de roubo, por terem ficado com o dinheiro de parcelas de empréstimos descontados em folha, dos funcionários que fizeram empréstimos consignados junto aos bancos.

"O sindicato já denunciou o fato no Ministério Público Federal e também no Estadual e já há uma ação civil contra esta situação por se tratar de apropriação indébita”, afirma Alberto Nery, presidente do sindicato.

O Sintrafs afirma que as empresas devem ainda aos funcionários o 13° salário referente a 2014, devem 400 mil reais à empresa de vale alimentação e por isso os funcionários não estão recebendo este benefício. As dívidas foram reconhecidas em audiência no Ministério Público, mas “as empresas declararam a inviabilidade absoluta de cumprir estes pagamentos", conforme Nery.

Segundo o sindicato, dos 1200 funcionários, cerca 20% fizeram empréstimos em bancos de forma consignada, que é quando a parcela do débito é descontada diretamente na folha de pagamento pela empresa e repassada para os credores. Há pelo menos 3 meses os valores descontados não são repassados aos bancos, resultando em cobranças insistentes por parte dos bancos aos trabalhadores. Os nomes estão sendo incluídos nas listas de devedores do SPC e Serasa.

Cleidson Rios de Araujo, 39 anos, fez um empréstimo dividido em 36 meses. Faltavam 6 meses para quitar totalmente o débito mas há pelo menos 3 meses as parcelas são descontadas no contracheque e não são pagas ao banco. Ele tem recebido cartas de cobrança e não consegue fazer novos crediários. "Entro de férias hoje (quarta-feira), não tenho garantia de que vou receber minhas férias, vou precisar viajar para São Paulo e lá não conseguirei usar meu nome, pois está negativo", afirma o rodoviário.

As empresas dizem enfrentar problemas financeiros e afirmam que são credoras de R$ 6,5 milhões, de valores que não teriam sido pagos na transição de Tarcízio para Ronaldo. Este valor está sendo cobrado por meio de ação judicial.

O sindicalista (e vereador pelo PT) afirma que as empresas declaram em juízo as dificuldades financeiras e que até se ofereceram “diversas vezes” para que fossem realizadas auditorias nas empresas por parte do permissionário, que é o poder público. Com isso poderia-se comprovar se as empresas estavam falando a verdade e, na opinião dele, evitar maiores problemas. No entanto, a prefeitura não aceitou.

Em dezembro do ano passado, a classe realizou uma paralisação de 3 dias por falta de pagamentos dos salários e parcelas do décimo terceiro, afetando diretamente o comércio da cidade em um período de grande movimento no natal.

OUTROS ATRASOS

O sindicato informa que o pessoal está há 20 meses sem o depósito do fundo de garantia, e que o plano de saúde que venceu no dia 15 de janeiro até hoje não foi pago.  “O trabalhador tem enfrentado além do estresse diário do trabalho, a insegurança e falta de garantia real de que seus direitos trabalhistas serão honrados”, reclama Nery.

O rodoviário Carlos Alberto Silva, 28 anos, diz que a situação é preocupante. Ele também teve parcelas descontadas em folha pelo empréstimo no banco e está com o nome negativado. "Ainda não precisei utilizar meu nome mas se precisar, como farei? Além disso, me preocupa a situação das empresas, pois trabalho há 4 anos e não tenho garantia de que receberei por este tempo".

Uma das grandes preocupações do sindicato é que segundo eles, não há demonstração por parte das empresas e nem mesmo do poder público, de garantias para quitar os débitos com os trabalhadores, com pagamento do fundo de garantia e rescisões trabalhistas já que com a licitação e a chegada de outras empresas para exploração do serviço de transporte público na cidade, os funcionários deverão ser demitidos.

O sindicato tentou levantar junto ao setor jurídico o patrimônio das empresas na tentativa de obter uma forma de garantir pelo menos parte dos pagamentos e descobriu que os 104 ônibus recentemente comprados por elas estão financiados e portanto não pertencem a elas, sendo a maior parte dos carros ainda dos bancos. Até mesmo o local que serve de garagem para os carros é alugado. Ou seja, as empresas não têm patrimônio que possa ser usado para quitar os débitos. "Tudo isso só piora a situação, estamos tentando judicialmente levantar patrimônios pertencentes às empresas em outros estados, mas nada é certo. Estamos provocando o Ministério Público para convocar o prefeito para tentar garantir o trabalho e os direitos dos trabalhadores", afirma Alberto Nery.



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