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César Oliveira

Ao trabalho, senhores

Cesar Oliveira - 22 de Outubro de 2018 | 11h 38
Ao trabalho, senhores

Estamos diante de uma encruzilhada e um país dividido. A ausência de autocrítica sobre o maior projeto de corrupção do mundo, negócios e apoio a ditadores, fracasso econômico, e servidão a Lula (que está preso, babaca, segundo o Cid Gomes), mostram que o PT, como na célebre frase de Tayllerand sobre os Bourbon, “não aprenderam nada, nem esqueceram nada".

No outro lado, Bolsonaro usa retórica rasteira e seus filhos&Cia utilizam um discurso que oscila entre o vazio intelectual e a asneira pura e faz apologia da força para a parcela de seu público extremista, incorporando a rejeição ao adversário. Caso eleito, como parece provável, terá de moderar a retórica de intolerância dos que lhe rodeiam, para governar.

Entre os extremos existe mais de 1/3 do eleitorado que elegeu o PT por mais de 14 anos- e eram bons cidadãos-, e que, agora, cansado do ativismo, da retórica de ameaças, e da corrupção, afastam o PT do poder - e são tachados de homofóbicos, machistas, racistas, e coisas piores-, embora sejam os mesmos bons cidadãos de ontem. Aliás, para entender a massa é bom rever Elias Canetti, em Massa e Poder, um livrinho dos anos 60.

Não acredito em ameaça a democracia brasileira- aliás, a liberdade eleitoral e de opinião que vivemos, no global, é majestosa, assim como a votação eletrônica é invejável-, mas precisaremos estar atentos, pois, haverá solavancos no seu exercício cotidiano. Não creio, entretanto, em possibilidade de intervenção das Forças Armadas porque elas, nem o “mercado’, querem”.

A renovação política- não necessariamente por elementos melhores-, já sinalizou a inquietação do povo com a impunidade, a insatisfação com os serviços, a perda do poder de influência de intelectuais e artistas (a vaia a Rogers Waters foi um símbolo), o crepúsculo da velha mídia e de institutos de pesquisa, e o alvorecer das mídias alternativas e da necessidade dos políticos compreenderem os anseios populares de forma verdadeira e não se despersonalizarem sob as ordens de seus marqueteiros. Identidade - e Haddad pagou esse preço, por ser apenas o outro, o preso- é a nova demanda dessa modernidade que tenta parecer cada vez mais amorfa, renegando o humano. Tudo isso precisará ser analisado, avaliado, compreendido, para a eleição seguinte.

O grande esforço que nos resta é o fortalecimento institucional, para que essas instituições estejam sempre com capacidade de exercer a mediação dos conflitos, viabilizando o funcionamento do sistema de freios e contrapesos que garantam a democracia, até porque, Kant, já temia a força corruptora do poder sobre a alma humana. Ao trabalho, senhores...



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