O cenário funesto que vem assombrando o mercado de trabalho na Feira de Santana começa, aos poucos, a se desfazer, apesar da intensa instabilidade política que ainda abala o País. Nos quatro primeiros meses do ano – de janeiro a abril – o saldo na geração de postos de trabalho foi o melhor desde 2015: 795 empregos, entre admissões e demissões. No quadrimestre, somente março registrou saldo negativo (-77), contrastando com janeiro (+512), fevereiro (+191) e, mais recentemente, abril (+169).
Os melhores desempenhos no ano foram observados em funções como operador de telemarketing (+214) e servente de pedreiro (+171), o que sinaliza para uma embrionária retomada no setor de construção civil. Esse, a propósito, foi o setor com os resultados mais desfavoráveis nos tormentosos anos de crise econômica intensa, que se estenderam de 2014 a 2017.
Algumas funções, porém, seguem com desempenho preocupante, num setor vital para a economia feirense: o comércio. Vendedor de comércio varejista, por exemplo, amargou a redução de 271 postos, no saldo do ano; operador de caixa seguiu no mesmo diapasão: -81. O cenário também foi pouco favorável para os auxiliares de escritório que perderam, no saldo, 52 vagas.
A retomada ainda é tímida em relação à hecatombe que abateu a economia e o mercado de trabalhonos últimos anos. Mas – ao que tudo indica – pode ser que a situação tenha chegado, pelo menos,ao fundo do poço. Só que essas fugazes esperanças econômicas dependem do desfecho da crise política, incerto diante de efervescentes paixões partidárias.
Avanços
É inegável que esse é o melhor início de ano desde 2014. Naquela oportunidade, no primeiro quadrimestre, foram gerados exatos 1.119 empregos, no saldo. Viviam-se os estertores do festejado ciclo de prosperidade petista. Nos anos seguintes, veio o descalabro: -1.311 em 2015; saldo negativo de 1.250 postos em 2016 e, ano passado, -1.087 empregos, sempre considerando números do primeiro quadrimestre.
Mas, apesar das oportunidades geradas, os salários são modestos, o que em parte reflete a oferta escassa de postos e a demanda elevada. O salário de admissão do operador de telemarketing, por exemplo, não passa de R$ 921,35; e o de servente de pedreiro não vai além de R$ 989,71, margeando o salário mínimo oficial.
Entre 2014 e 2017 foram extintos, no saldo, exatamente 13.511 empregos. Só em 2015 foram 6.595 a menos; no ano seguinte, novo baque imenso: -6.002. Não é à toa que, hoje, os empregos gerados são tão disputados e o trabalhador se inclina a aceitar qualquer remuneração, o que se reflete nos salários médios de admissão.
Perspectivas
Embora o estancamentona redução nos postos de trabalho deva ser comemorada, no médio prazo oritmo de geração de postos de trabalho é preocupante: caso persista nessa velocidade, serão necessários vários anos para se alcançar o patamar do primeiro semestre de 2014, que precedeu a crise. Mas o momento é instável demais para se enxergar tendências, mesmo num horizonte de alguns meses.
Como já foi apontado, em parte a retomada depende dos resultados que vão se extrair das urnas. Mas não basta eleger alguém que tenha projeto ou esteja comprometido com a estabilidade econômica e com a responsabilidade fiscal. Será necessário que o lado derrotado nas eleições – seja quem for – aceite o resultado e não invista no “quanto pior melhor”, no aprofundamento das instabilidades.
O fato é que, apesar de auspiciosa, a geração de postos de trabalho observada na economia feirense é ainda muito tímida e instável. Depende de fatores que, conforme se observou, vão além da seara estritamente econômica. Os próximos meses vão confirmar – ou não – se a melhoria é efetiva e sustentável.