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André Pomponet

Desconstrução de Bolsonaro abre o ano eleitoral

André Pomponet - 12 de Janeiro de 2018 | 11h 27
Desconstrução de Bolsonaro abre o ano eleitoral

Alguns analistas apostavam que a largada para as eleições 2018 aconteceriam no dia 24 de janeiro, quando o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) será julgado pelo Tribunal Regional Federal (TRF-4), sobre a suposta aquisição de um apartamento em Guarujá (SP). Pois bem: a realidade atropelou as previsões e o calendário eleitoral foi antecipado, com a paulatina “fritura” de Jair Bolsonaro (PSC-RJ) pela imprensa. Nos últimos dias diversas matérias questionaram o patrimônio acumulado pelo deputado carioca que reagiu com o habitual destempero verbal.

Lula e Bolsonaro são os dois principais protagonistas da corrida eleitoral até aqui e estão bastante à frente dos demais pré-candidatos. A “fritura” de Lula já soma três anos e, talvez, fique mais próxima do epílogo em 24 de janeiro. Jair Bolsonaro só está sendo levado ao caldeirão agora porque, nos anos anteriores, sua retórica raivosa serviu ao propósito de encurralar o petismo. Cumprida a missão, começou a ser rifado, conforme o previsto.

Os ataques a Bolsonaro foram forjados com precisão milimétrica: ninguém questiona sua completa ignorância em matéria econômica ou suas controversas soluções para a segurança pública. É que isso teria repercussão desprezível sobre seu potencial eleitorado. O arsenal se volta, portanto, contra o patrimônio que acumulou – o que deixou sob suspeita sua propalada integridade – e aferra-se a desastradas declarações como a que usou o dinheiro do auxílio-moradia para “comer gente”, o que tem forte impacto sobre o eleitorado conservador e religioso.

Ironicamente, a chamada grande mídia usa um adjetivo comum para definir Lula e Bolsonaro: acusam-nos de serem “populistas”. “Populista”, segundo a sabedoria convencional dos formadores de opinião, é todo aquele que não se curva – integralmente – aos ditames do “deus mercado”. Justiça seja feita: ambos se movem dentro do que determina o establishment, mas, agora, mesmo discordâncias pontuais estão sendo objeto de furiosa resistência.

Centro

A ideia é eleger alguém que chegue ao Palácio do Planalto com a agenda do “deus mercado” integralmente memorizada. Daí a necessidade de atropelar Lula e Bolsonaro, para que se abra caminho para uma candidatura ironicamente identificada como “de centro”. Na fila, até aqui, há gente que vem demonstrando pouca viabilidade eleitoral: Geraldo Alckmin (PSDB-SP), Henrique Meirelles (PSD-GO), Rodrigo Maia (DEM-RJ) e mais um magote de gente inexpressiva ou que está lançando candidatura para, lá adiante, negociar um vantajoso recuo.

Sem a desconstrução dos dois principais antagonistas a festejada candidatura de centro tende a se inviabilizar. Daí a implacável artilharia sobre Lula há três anos e, a partir de agora, sobre Bolsonaro. As próximas pesquisas eleitorais vão indicar se a manobra começou a surtir efeito. Ou não. Mas todos apostam que Lula será impedido e Bolsonaro tenderá a se desidratar a partir dos ataques, abrindo a vereda para o nome “de centro”.

Aqui, evidentemente, não se pretendeu entrar no mérito de avaliar se Lula e Bolsonaro são inocentes ou culpados. O objetivo foi, justamente, vislumbrar as estratégias que estão sendo empregadas para afastá-los do jogo eleitoral e para viabilizar uma candidatura mais identificada com o status quo. É claro que a visão é parcial: identificam-se apenas as estratégias de um dos lados da pendenga, desconsiderando as reações dos demais envolvidos.

Mas o mais importante, no entanto, é saber se o jogo vai fazer eco junto ao eleitorado. A aprovação de Michel Temer (PMDB-SP), o timoneiro dos grandes atrasos, sinaliza que será necessário muito empenho: irrisórios 6% do eleitorado o aprovam. Vender um candidato como continuador da atual política é arriscado, o que pode favorecer os principais protagonistas do momento, Lula e Bolsonaro, mesmo que permaneçam sob incessante bombardeio.



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