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André Pomponet

Câmara muda, mas a lógica permanece a mesma

André Pomponet - 04 de Outubro de 2016 | 11h 46
Câmara muda, mas a lógica permanece a mesma

Toda eleição para a Câmara Municipal da Feira de Santana segue um script pra lá de previsível: além dos vereadores favoritos, aqueles campeões de votos que costumam acumular vários mandatos, elegem-se alguns azarões que, no pleito seguinte, dificilmente retornam à chamada Casa da Cidadania. Invariavelmente esses azarões figuram em legendas nanicas – aqueles partidos de siglas esotéricas – e são favorecidos pelo coeficiente eleitoral nas eleições.

A engenharia que organiza os postulantes das legendas nanicas também costuma ser imutável: nela, dificilmente figura um vereador no exercício do mandato ou alguém que frequenta a bolsa de apostas. Os pequenos partidos são, sempre, reservados para os azarões.

Quem vence e se torna vereador, lá adiante, costuma migrar, porque os pequenos partidos são para os azarões. Quem fica corre o risco de concorrer quase sozinho e, sem coeficiente mínimo, não se eleger. Daí a rotatividade no legislativo: a migração para legendas mais robustas – e que exigem mais votos – habitualmente é letal para esses neófitos.

Alguns, claro, sobrevivem e, aos poucos, se consolidam. Migram da condição de azarões para o restrito grupo das apostas certas. São esses que acumulam diversos mandatos ou, pelo menos, mais do que um. Mas sempre há rotatividade: aqueles alvejados pelo eleitorado saem, abrindo caminho para as novas surpresas. Em 2016, conforme todos podem constatar, também foi assim.

Apesar da rotatividade, essa dinâmica, que ganhou impulso nas últimas quatro ou cinco eleições municipais, se cristalizou em rotina. E com números bastante previsíveis: oscila sempre entre sete e dez vereadores, como ocorreu agora, nas eleições realizadas no domingo, quando dez foram desalojados.

O que poderia sacudir essa lógica cristalizada das eleições feirenses? Apenas um fator externo: a realização de uma reforma política que promova um significativo enxugamento na quantidade de partidos no País. Sem legendas nanicas, o expediente de ingressar no Legislativo obtendo quantidade menor de votos se desfaz. É o que se anuncia como novidade para os próximos anos, sempre com cautela, para não provocar melindres.

Resta, aqui, a última observação: a dinâmica em curso vem contribuindo para tornar sofrível o nível da Câmara Municipal já há algumas legislaturas. Discutir a qualidade do legislativo feirense, porém, é mais polêmico e exige um texto específico sobre isso...



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