Presidente da Câmara anunciou processo contra LÃlia Campos, por comentário no Facebook
O Sindicato dos Jornalistas no Estado da Bahia (Sinjorba), emitiu nota de repúdio à ameaça de processo contra a jornalista Lília Campos, feita pelo presidente da Câmara, vereador Ronny.
Na nota, assinada pela direção estadual e regional do sindicato (respectivamente Marjorie Moura e Marly Caldas) o sindicato ressalta que há diferença entre ações judiciais legítimas e as que servem somente para intimidar e promete acompanhar o caso.
“A judicialização das questões relativas ao exercício da liberdade de expressão vem se tornando uma prática tão comum quanto perniciosa às garantias constitucionais conferidas tanto ao cidadão comum quanto aos profissionais da comunicação”, alerta o sindicato.
OFENDIDOS
O presidente e alguns outros vereadores tomaram como ofensa ao Legislativo um comentário feito por Lília em uma postagem do Facebook. Falando sobre o fim do contrato com a empresa que fazia a transmissão das sessões pela web, a jornalista afirmou que “em política não vale a competência, mas o apadrinhamento” e que talvez o contrato tenha se encerrado porque o jornalista proprietário da empresa, Florêncio Matos, pode não ter “aceitado as regras do novo presidente”. Ronny assumiu a presidência em janeiro.
Após alguns discursos inflamados cobrando providências, o próprio Ronny foi à Tribuna pedir ao procurador jurídico da Casa uma ação judicial. “Ela coloca em dúvida minha imagem e agora vou querer saber que regras são essas”, afirmou.
LEIA ABAIXO A ÍNTEGRA DA NOTA DE REPÚDIO EMITIDA PELO SINJORBA
Nota de repúdio
A diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia (SINJORBA) vem a público manifestar seu repúdio contra a tentativa de intimidação e ameaça de interpelação judicial contra a jornalista Lilia Campos por parte do presidente da Câmara Municipal de Feira de Santana, vereador Reinaldo Miranda Vieira Filho (Ronny), em decorrência de postagens nas redes sociais em que a profissional colocou em dúvida a licitação para contratação da TV Câmara Municipal do município.
Pessoas que assumem cargos públicos por meio de eleição ou de indicação devem explicações constantes sobre seus atos no desempenho de suas funções, à sociedade a que servem e que tem nos jornalistas o canal de expressão de seus anseios e dúvidas.
A judicialização das questões relativas ao exercício da liberdade de expressão vem se tornando uma prática tão comum quanto perniciosa às garantias constitucionais conferidas tanto ao cidadão comum quanto aos profissionais da comunicação.
Desde o fim da Lei da Imprensa, que regulava, ainda que de forma imperfeita, os ritos que devem reger os atos de comunicação, incluindo o direito de reposta, vêm se avolumando ameaças que se concretizam em queixas nas delegacias comuns ou nas reclamações transformadas em processos judiciais, com o único intuito de acovardar os profissionais de imprensa, olhos e ouvidos da sociedade.
Com a confiança plena nos meios fornecidos pela Justiça do Brasil para separar o que é uma ação legítima da simples intimidação, o SINJORBA vai acompanhar este caso, amparando a profissional por ser a entidade de classe que a representa no Estado da Bahia.
Salvador, 31/03/2015 |
Feira de Santana, 31/03/2015 |
Marjorie da Silva Moura |
Marly dos Santos Caldas |
Presidente do SINJORBA |
Diretora Regional Nordeste |