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Bahia

Sob comoção, bailarino é enterrado, e amigos falam em crime de homofobia

16 de Março de 2015 | 16h 57

Reinaldo Pepê, integrante do Balé Folclórico, foi achado morto em pensão

Sob comoção, bailarino é enterrado, e amigos falam em crime de homofobia
Enterro de dançarino do Balé Folclórico da Bahia, em Salvador

Um cortejo com amigos, familiares e admiradores, conduziu, em clima de forte comoção, o corpo de um dos principais bailarinos do Balé Folclórico da Bahia (BFB), Reinaldo Pepê, 40 anos, no cemitério Campo Santo, na Federação, em Salvador, nesta segunda-feira (16). A vítima,assassinada com golpes de faca na barriga e no pescoço, foi enterrada em torno das 15h. Pessoas próximas acreditam que ele tenha sido vítima de homofobia. O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) identificou um suspeito e tenta localizá-lo.

"Ele só foi mais um na lista. Eu acho que o país não está tendo cuidado com a gente. E meu sentimento é de indignação. Tenho medo de amanhã ver a morte de mais dois, mais quatro no noticiário. Ele era uma pessoa super saudável, um super artista. A Bahia perde um grande artista", afirmou José Carlos Santos, o "Zebrinha", diretor artístico do prestigiano balé folclórico baiano, único em atividade no país.

O presidente do Grupo Gay da Bahia (GGB), Luiz Mott, aponta que é o oitavo assassinato de homossexuais no estado em 2015 e o 62º em todo o país. "Enviamos um ofício para a SSP [Secretaria de Segurança Pública da Bahia] para que seja feita uma apuração rigorosa. Por ele ser homossexual, já é um agravante, torna-o mais vulnerável", comenta. "Foi tudo incrível. É uma perda para todos nós, mas também para a dança do Brasil. Para nós, resta o silêncio", disse Jean Gonzaga, músico e amigo da vítima.

O crime
Reinaldo Pepê Santos foi encontrado morto na pensão onde alugava um quarto e morava sozinho, no bairro do Barbalho, na manhã de domingo (15). Vizinhos informaram à polícia que o bailarino, que morava há seis meses no local, foi visto várias vezes acompanhado do mesmo rapaz, que, no domingo, pouco antes das 5h da manhã, deixou a pensão com os pés sujos de sangue, e com um celular e um notebook nas mãos. Ele se apresentou pela última vez na noite de sábado (14), no Pelourinho, Centro Histórico de Salvador.

Amigos do balé disseram ao diretor da companhia que Reinaldo estava tranquilo. "Após o nosso espetáculo diário lá no Pelourinho, ele que estava programado para sair para uma boate com os amigos acabou desistindo porque estava sentindo uma contusão na perna e achou melhor ir para casa descansar. A partir daí, a notícia que se tem é a de que alguém da vizinhança o viu acompanhado de uma pessoa. Na realidade, essa mesma pessoa que saiu pela manhã carregando um notebook e celular", disse Vavá Botelho, diretor-geral do Balé Folclórico da Bahia. De acordo com ele, Reinaldo não aparentava estar com medo ou assustado na hora da apresentação.

Ainda de acordo com vizinhos, Ronaldo chegou à pensão acompanhado do homem que vestia camisa e bermuda pretas. Por volta das 3h30, os vizinhos contaram que ouviram barulhos vindos dos quartos da vítima e, quase uma hora depois, o homem foi visto deixando o cômodo. Nesta segunda-feira (16), inquilinos da pensão não quiseram comentar o assunto.

Vavá Botelho lamentou as situações de violência vividas por representantes da cultura da Bahia. "Tivemos a grande perda de Augusto Omolú, nas mesmas circunstâncias. E agora com Reinaldo. Isso tudo é fruto de um mundo violento que a gente está vivendo. A dança, a arte em geral, com esse tipo de coisa que acontece", lamentou o diretor artístico.

FONTE: G1BA



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