Como
se sabe, coleta de lixo é atribuição das prefeituras. Este é outro tema
espinhoso, sobretudo em função das pressões que gera sobre o meio ambiente.
Como a questão é tratada aqui na Feira de Santana? O Sistema Nacional de
Informações sobre Saneamento, o SNIS, também reúne dados sobre o tema. Os
números foram consultados no site do Instituto Água e Saneamento e são
relativos ao ano de 2021.
No
município, a Secretaria de Serviços Públicos é a responsável pela tarefa.
Note-se, porém, que a atribuição é desempenhada por empresas privadas, mediante
licitação. Por aqui, a coleta de resíduos alcança 91,73% do município, o que
corresponde a 572,5 mil pessoas atendidas. O desempenho percentual é superior
ao da Bahia (82,2%) e também ao do Brasil (89,93%).
O
mesmo levantamento informa que 100% da população urbana feirense dispõe de
coleta de resíduos. Portanto, toda a população é atendida. Isso corresponde às
572,5 mil pessoas mencionadas no item anterior. O desempenho é superior ao
baiano (96,86%) e ao brasileiro (98,35%).
Não
há informação disponível, porém, em relação à coleta na zona rural aqui na
Feira de Santana. Será que, a exemplo do que ocorre com o esgotamento
sanitário, o serviço não está disponível para a população residente no campo? Não
encontrei respostas. Na Bahia, 37,04% da população é atendida. No Brasil,
37,92%.
Também
não há informações à disposição sobre a coleta seletiva de resíduos por aqui.
Na Bahia, 5,68% da população dispõe do serviço; no Brasil, 22,61%. Como se vê,
no quesito, a Feira de Santana precisa avançar muito. É outro tema bom para se abordar
na campanha eleitoral.
Mensura-se,
ainda, a “taxa de recuperação de recicláveis em relação aos resíduos
domiciliares e públicos”. A Feira de Santana não disponibiliza números. Na
Bahia, o índice é de 1,33% e, no Brasil, de 3,36%. Qual será o percentual aqui?
Certamente há bastante reciclagem, até por conta da pobreza elevada no
município, que empurra muita gente para a atividade de forma precária.
A
coleta de lixo por pessoa na Feira de Santana, por sua vez, está aquém da que
se verifica nos níveis estadual e nacional. Por aqui, só 0,84 quilo diário por
habitante. Na Bahia, 1,08; no Brasil, 0,89. Será que o feirense produz
quantidade de lixo inferior às médias baiana e brasileira? Ou parte do lixo,
simplesmente, não é recolhida? A sujeira nas ruas talvez seja uma pista
interessante para entender a questão.
Os
números mostram que a cidade que não dispõe de áreas verdes também lida mal com
a questão do lixo. A população rural, por sua vez, é ainda mais penalizada. Mas
discutir isso é coisa de “comunista”, imagino que muitos pensem assim. Temos
que nos ocupar, apenas, com os shows musicais. São constantes os shows musicais
na Feira de Santana...
No
texto anterior abordamos a questão do acesso à água tratada na Feira de
Santana. Conforme mencionado, a situação não é das mais graves, considerando a
realidade brasileira. O cenário muda de figura, porém, quando se considera a
questão do esgotamento sanitário. Os números seguintes são do Sistema Nacional
de Informações sobre Saneamento, o SNIS, relativos a 2021. As informações estão
disponíveis no site do Instituto Água
e Saneamento.
Com
relação à coleta de esgoto, 345,5 mil habitantes da Feira de Santana contam com
o serviço oferecido pela Empresa Baiana de Águas e Saneamento, a Embasa. Isso
corresponde a 55,37% da população feirense. Na Bahia, o percentual é até um
pouco menor (55,14%), mas a situação do Brasil é mais confortável: 66,95%.
A
população urbana que conta com o serviço corresponde a 345,5 mil pessoas, o
equivalente a 60,35% desse segmento da população. A realidade é um pouco melhor
que a da Bahia (54,42%), mas fica distante da média brasileira (71,87%). Há,
portanto, muito o que avançar nessa seara.
O
grande drama, porém, está no atendimento à população rural. Por aqui, só duas pessoas
que residem no campo tem acesso ao sistema de esgotamento sanitário. Não é erro
de digitação, é isso mesmo: só duas pessoas.
Assim,
fossas individuais ou outras formas de descarte são a alternativa para quem não
mora na zona urbana. No estado, o serviço está disponível para apenas 9,89% dos
baianos que vivem no campo e, em nível nacional, para 62,52%.
A
propósito, mora bastante gente no rural feirense: no Censo 2010, representavam
8,3% da população, o que correspondia a cerca de 46,2 mil pessoas. Era o
equivalente a toda a população de Seabra naquele levantamento, a 48ª maior da
Bahia.
É
gente demais para vivendo sem o conforto do esgotamento sanitário. Pior ainda:
sem nenhum tipo de sinalização de que podem contar com o serviço mais à frente.
Desde o Brasil Colônia, o Império, a República Velha, até os dias atuais, nada
mudou em relação à questão. Frise-se: também não há sinalização de que vá
mudar.
No
texto anterior mencionamos que a privatização dos serviços – tentada em
diversas partes do mundo – não necessariamente melhora a qualidade, mas sempre
implica em considerável elevação dos preços destes serviços. Em muitos lugares
a medida foi revogada.
“Privatiza
que otimiza”, gritará um desses liberais lacradores de mídia social. O problema
é que, no caso do rural feirense, privatizar nem sequer figura como
alternativa. Afinal, quem vai se interessar por levar saneamento a áreas
rurais, cuja população é pobre e onde inexistem ganhos de escala? Nem vale a
pena perder tempo repelindo especulações do gênero.
O
fato é que os números do SNIS revelam uma situação vexatória no rural feirense
no que se refere à oferta de esgoto. É ano eleitoral, seria bom que o tema
fosse colocado em debate.
Além
do debate sobre mudanças climáticas, há em pauta atualmente a questão delicada
do acesso à água para consumo e produção. Embora disponha de fartas fontes
hídricas, o Brasil começa a viver o pesadelo da escassez. Uma das maiores
ameaças, hoje, é a privatização dos sistemas de água e saneamento. Em São
Paulo, por exemplo, a medida está em andamento. Mundo afora, privatizar os
serviços não deu certo. Com certeza não dará certo também em São Paulo, sob a
tutela do bolsonarismo.
Na
Feira de Santana, a Empresa Baiana de Águas e Saneamento, a Embasa, é a
responsável pelos serviços. Há inúmeras reclamações – e uma sorrateira e velada
intenção de privatização – mas, no geral, a qualidade media dos serviços, na
Feira de Santana, não é das piores, considerando a realidade brasileira. Há
números disponíveis.
Dados
do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, o SNIS, de 2021, informam
que 88,89% da população feirense – 560,9 mil pessoas – tem acesso aos serviços
de abastecimento de água. Na Bahia, o percentual é menor (80,97%) e, no Brasil,
também é menor (84,2%). Embora cerca de 10% dos feirenses ainda não tenham
acesso, os números estão acima das médias estadual e nacional.
A
população urbana tem mais acesso aos serviços. O mesmo SNIS informa que 93,66%
dos feirenses – 536,2 mil pessoas – são atendidos. Neste quesito, o percentual
é menor que no estado (98,52%), mas pouco maior que no país (92,13%). Trata-se
de um serviço, portanto, que pode ser ampliado em nível local.
A
população que reside no rural feirense sempre reclama das suspensões no
fornecimento de água. É, de fato, um problema recorrente. Mas, mesmo assim,
47,94% (24,7 mil) tem acesso ao serviço. Mais que na Bahia (33,56%), mas bem
menos que no Brasil (67,49%). É necessário, portanto, mobilizar-se para ampliar
a oferta no rural feirense.
Grave,
na Feira de Santana, é a questão da perda da água tratada. Aqui, nada menos que
42% do líquido é perdido antes de chegar às torneiras de quem consome. Bem
elevado até para os ineficientes padrões do estado (27,74%) e do Brasil
(32,51%).
É
bom lembrar que esse desperdício se traduz em tarifas mais altas, o que
penaliza o consumidor. O feirense paga, em média, R$ 5,35 por metro cúbico de
água; a média baiana – que inclui empresas municipais – é maior (R$ 6,67), mas
a do Brasil é mais em conta: R$ 4,91. Desperdício menor certamente impactaria sobre
o valor da tarifa.
Os
números mostram que é necessário ampliar a cobertura dos serviços. As
constantes reclamações, por sua vez, revelam que há espaço para aprimorar a
qualidade. Daí a defender a privatização dos serviços, porém, a distância é
grande. Nos últimos anos, o discurso da privatização ganhou corpo e está sendo
tentado em São Paulo. No Rio de Janeiro, houve a privatização e não se pode
afirmar que os serviços são de excelência, a despeito da elevação dos preços
das tarifas...
Inicialmente
pensei na coisa como piada, pilhéria. Mas, com o passar do tempo, a idéia foi
ganhando gravidade, encorpando-se, começando a ganhar sentido. Começou assim:
observando uma daquelas fotos panorâmicas da Câmara dos Deputados – havia
centenas de parlamentares nela – pensei: “Quantos, nesta turba aí, podem ser
candidatos a aiatolá mais à frente?”.
Como
disse, pensei isso como piada. Mas o tempo foi passando e a piada se converteu
– por enquanto – numa cogitação absurda. Mas, do jeito que vamos, logo a
cogitação absurda vai se converter em possibilidade, quiçá probabilidade.
Afinal, a semana passada foi prenhe de absurdos de inspiração fundamentalista
entre os deputados. Não nos faltam candidatos a aiatolá.
Pelo
que se noticia, um projeto propõe que mulheres que fizerem aborto após a 22ª
semana de gestação – mesmo as estupradas – responderão criminalmente pelo ato.
A pena é dura, equivalente a homicídio: até 20 anos. Os maníacos responsáveis
pelos estupros pegam, no máximo, 10 anos de prisão. Pelo visto, no parlamento,
estuprador vale mais que a vítima.
O
que fundamenta a proposta abjeta? O proponente disse que pretendia “testar” o
presidente Lula em relação à questão do aborto. Ou seja: danem-se as mulheres –
e as crianças e as adolescentes – expostas à legislação draconiana. Se morrerem
ou forem presas, tanto faz. O importante é emparedar Lula e o PT. Bela
demonstração de cristianismo.
O
bom é que houve reação e as mulheres foram às ruas. Parece que o horror – pelo
menos enquanto houver mobilização – não vai avançar. A implantação da
“república dos aiatolás” está em gestação, mas, por enquanto, não tem condições
de ser imposta. O custo para freá-la – ao que tudo indica – será a mobilização
permanente.
A
sarjeta legislativa vem regurgitando, caudalosa, nos últimos dias. Começaram
pela privatização das praias – sumiu do noticiário depois do PL do Estupro –,
passaram pela PEC das drogas e, agora, chegaram a este projeto que provocou
ampla reação. Farejando a rejeição, o Centrão, matreiro, começou a pular fora.
Por
enquanto, a “república dos aiatolás” não tem força para se consolidar. Mas é
bom não exagerar no otimismo. O mundo inclina-se à extrema-direita e, como
subproduto dessa inclinação, há o fundamentalismo religioso. É bom manter a
vigilância, reagindo a quaisquer surtos teocráticos vindouros...
Com
o início de junho, começou o espocar de fogos nas noites feirenses. Parte
deles, como se sabe, deve-se às celebrações da trezena de Santo Antônio,
tradicional por aqui, que terminou ontem (13). Foguetório amplo, a fumaça densa ganhando
os céus, brilhante, refletindo a luz das lâmpadas da iluminação pública.
Junto
com a trezena, é claro que há, também, o foguetório do futebol, as torcidas
seguem comemorando. Mas existem também
os que aguardam com ansiedade a chegada dos festejos juninos. São esses que,
mesmo antes da chegada do São João, aproveitam para extravasar, soltando seus
fogos, extasiando-se com os sons, as luzes, as cores.
São
mais comuns nos finais de semana, mas arriscam-se também nas silenciosas noites
dos dias úteis. Entre eles, prevalecem as crianças. Inquietas, essas mal se controlam,
contando os dias para a mais aguardada festa da infância nordestina.
Fogueiras,
por enquanto, ainda são raras. Mas, pelas ruas, já é possível observar a
oferta, tabuletas de “vende-se” tentando despertar a atenção de quem passa.
Ostentam tamanhos variados, buscando satisfazer bolsos diversos.
Há,
também, mais vendedores de amendoim. O feirense, como se sabe, aprecia o
amendoim cozido, para além das festas juninas. Há demanda o ano todo. Mas a
quantidade de vendedores aumenta neste mês de junho. Típico da época é o forró,
o licor, as bandeirolas e os bolos de aipim, puba, fubá, milho.
Arrematando
a atmosfera junina, há a boa notícia da chuva persistente. Começou em meados de
abril e vem se renovando com regularidade. Na zona rural – e na cidade também –
a expectativa é por uma boa colheita de milho. Por aqui, o milho arde assado
nas fogueiras juninas, mas também é matéria-prima para inúmeros pratos da
culinária regional.
Depois
das temperaturas inclementes do El Niño,
está aí La Niña resfriando, trazendo
chuva. Como se sabe, o cenário junino exige a garoa, o frio moderado. Neste 13
de junho, dia consagrado a Santo Antônio, o cenário do São João se desenha com
perfeição.
Afinal, o feriado até cai
numa segunda-feira, assegurando mais um fim-de-semana prolongado...