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05 de dezembro de 2017 | 23h 43
Encerrei o texto mais recente nesta coluna dizendo que tudo poderia ocorrer na decisiva rodada de domingo, que encerrou a Série A 2017. Mas não imaginava que a situção se configurasse de forma literal como aconteceu. Aconteceu mesmo de tudo. Teve time que foi rebaixado com um gol nos últimos segundos do jogo (o Coritiba); time que escapou do rebaixamento beneficiado com gol adversário também nos segundos finais (o Vitória) e vai e vem entre as equipes que disputavam vaga na Libertadores (o Flamengo ganhou a dele, pra variar, ao apagar das luzes, assim como a Chapecoense).
Sem dúvida, a mais emocionante rodada de encerramento da primeira divisão nacional. Um certame que confirmou o grande equilíbrio da Série A, tão falado por todos. No Brasileirão, não tem adversário vencido de véspera. As equipes menos badaladas e de menor investimento não temem as mais poderosas e ponto final.
Para que se tenha uma ideia, além das quatro equipes que cairam para a Serie B, cortejaram o rebaixamento ao longo da competição outros nove times: São Paulo, Atlético-MG, Vasco, Flumnense, Sport, Vitória, Bahia, Chapecoense e Atlético-PR, No total, 13 agremiações, das 20, estiveram em algum momento ameaçadas de degola. Apena sete passaram a competição livres desse risco.
Alguém vai dizer que os clubes estiveram nivelados por baixo. Sim, pode ser. A Série A Brasileira não é a Premier League inglesa, de investimentos milionários. Mas tivemos grandes jogos. E casos de superação impressionantes. A Chapecoense, da tragédia do ano passado, flertou com o rebaixamento e acabou sendo a melhor equipe do segundo turno, tendo como prêmio a classficação para mais uma Libertadores.
E o Vitória, hein! A sua torcida jamais esquecerá 2017. No mesmo momento que sentiu o amargo gosto do rebaixamento, veio a redenção com o gol salvador em Chapecó, decretando a vitória do time da casa, 2x1, contra um Coritiba que ocupou a vaga do rubro-negro baiano a alguns segundos apenas do final do jogo, que o salvaria, caso terminasse empatado.
Pelo que fez fora de casa, com uma performance fantástica contra equipes mais poderosas, como Flamengo, Corinthians, Botafogo, Cruzeiro, Vasco, Grêmio e Santos, o Vitória mereceu sobreviver. Tudo bem, foi um fiasco em sua campanha no Barradão. Mas redimiu-se com o seu desempenho de visitante.
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27 de novembro de 2017 | 23h 32
A penúltima rodada da Série A do Campeonato Brasileiro, como se esperava, foi emocionante. Pena que estragada por uma minoria da torcida da Ponte Preta que, invadiu o gramado do estádio Moisés Lucarelli para agredir seus jogadores, diante da derrota por 3x2 para o Vitória, e na mesma partida, por um gesto abominável do zagueiro Rodrigo, do time local, que tentou violentar, em pleno jogo, o atacante Santiago Trellez, do rubro-negro baiano.
As emoções se iniciaram no sábado, quando o Sport Recife, mostrando grande poder de reação nas últimas rodadas - havia vencido antes o Bahia por 1x0 -, derrotou o Fluminense, no Maracanã, por 2x1. Péssimo resultado para o Vitória, pois colocou o time pernambucano em condição de continuar lutando pela permanência na primeira divisão.
No domingo, ainda na disputa da parte de baixo da tabela, o Coritiba, em seus domínios, sucumbiu ao São Paulo em jogo que apresentou algo muito desagradável. O meia Tiago Real, do clube da casa, deu um soco na bola na área do tricolor paulista e o árbitro, equivocadamente, entendeu que teria sido o atleta visitante.
Marcou uma penalidade máxima, quando deveria ter assinalado falta do atacante Coxa e ainda puni-lo com cartão amarelo. No final, deu São Paulo, 2x1. Bom para o Vitória, uma vez que o Coritiba, com os mesmos 43 pontos do time baiano, está uma posição atrás por causa do saldo negativo de gols - um tento a mais.
O Avaí, que venceu o Palmeiras no meio de semana, voltou a ganhar ontem, 1x0 no Atlético do Paraná, que perdeu um pênalti. Ruim para o Vitória. O Avaí continua na luta para escapar do rebaixamento e é mais um concorrente para o rubro-negro.
O campeonato já tem dois rebaixados, Atlético de Goiás e Ponte Preta. E duas vagas ainda em disputa. Vitória, Coritiba, Sport e Avaí lutam desesperadamente para escapar. Dos quatro, dois vão ser rebaixados. O Vitória é´o único que depende de suas próprias forças, mas também o que tem o jogo mais difícil pela frente, contra o Flanengo, que provavelmente precisará muito de um triunfo para se garantir na Libertadores da América em 2018.
O Avaí encara um Santos ja garantido na Libertadores e mesmo jogando fora de casa, pode vencer. O Sport vai pegar no recife o Corinthians, com um time reserva dos campeões bfasileiros. O Coritiba joga seu futuro em Chapecó, contra um Chapecoense que vai tentar o triunfo para chegar a Libertadores.
Difícil cravar um prognóstico. É uma rodada em que tudo pode acontecer. As chances parecem ser muito semelhantes entre as equipes. O Vitória pode escapar, é claro, mas eu diria que são 50% de possibilidades para permanecer na Série A e outros 50% para cair.
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13 de novembro de 2017 | 23h 34
Um campeonato longo como a Série A, no Brasil, em que os 20 clubes realizam nada menos que 38 jogos, é comum que várias equipes oscilem ao longo da competição, tenham bons e maus momentos. E assim tem sido este Brasileiro 2017, praticamente nas mãos do Corinthians.
O próprio virtual campeão nacional vive ao menos três fases distintas durante o certame. Iniciou muito bem, permanecendo invicto até ser derrotado dentro de Itaquera pelo então Z4 Vitória. Depois, também neste segundo turno, viveu uma fase bem ruim (justamente a partir daquele fiasco), chegando a perder mais uma vez dentro de casa para o lanterna Atlético de Goiás.
Viu recentemente o título ameaçado, com a distância bastante reduzida diante do arquirival Palmeiras. Caiu de 14 para seis pontos apenas. Mas justamente o decisivo clássico foi o ponto de partida para um segundo bom momento do clube na competição. Daí em diante só coleciona vitórias e pode ser campeão este meio de semana, sendo suficiente uma vitória em casa perante o ameaçado Fluminense-RJ, que ainda luta para fugir da degola.
O próprio Palmeiras, que teve um início ruim, recuperou-se no returno, chegou bem perto do Corinthians e, mais uma vez, retornou ao ponto de origem, perdendo em seguida para o Vitória e vendo desmoronar o sonho do bicampeonato. E assim aconteceu com outras equipes, como o Santos, que também oscilou muito, neste Nacional. E até o Atlético de Goiás, lanterna e quase rebaixado,viveu sua fase positiva no torneio, no início do segundo turno - bem verdade que durou pouco e igualmente serviu.
Esta é a rotina também dos nossos representantes Bahia e Vitória. Agora, na reta final, coincidentemente os dois times do Estado vivem uma boa sequencia. O tricolor vem de boas apresentações, vitória contra a Ponte Preta e empate, também em casa, frente ao Atlético-MG. Jogou muito bem esta partida e merecia ter vencido. Está livre do perigo do rebaixamento e pode até brigar por vaga na pré-Libertadores.
O rubro-negro, até poucos dias desacreditado e considerado praticamente rebaixado, renasce das cinzas com dois grandes e improváveis resultados: um convincente triunfo ante o Palmeiras, no Barradão onde não vencia há quatro meses, e um heroico empate obtido no Rio Grande do Sul contra o Grêmio, 1x1. A equipe baiana ainda jogou todo o segundo tempo com um homem a menos, após expulsão equivocada pelo árbitro do volante Fillipe Souto.
Está três pontos a frente dos concorrentes Sport, Ponte Preta e Avaí. Mesmo que perca para a Chapecoense, em Santa Catarina, quinta, continuará livre da Zona de Rebaixamento. Para voltar ao Z4 esses rivais teriam que ganhar suas partidas, todos eles aplicando goleadas. Muito difícil. A matemática, no momento, favorece a permanência do Vitória.
E assim, com tantas idas e vindas, vai chegando ao fim o Brasileirão deste ano. Restam apenas mais quatro rodadas. Este, sem dúvida, o pior instante para uma equipe entrar em baixo rendimento. É o que acontece com o leão pernambucano, Sport, por exemplo. Para a sorte de um outro felino, o da Barra.
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30 de outubro de 2017 | 14h 26
O Vitória deve estar batendo um recorde, talvez não somente pessoal, neste Campeonato Brasileiro da Série A: o de quantidade de jogos sem vencer dentro de casa, no Barradão. Uma dezena, até aqui. A maioria dessas partidas resultou em derrotas para o time vermelho e preto, a exemplo das mais recentes, 1x2 Sport e 2x3 Atlético-PR, algumas em empate, como a de domingo último, 1x1 diante do lanterna Atlético de Goiás.
Aqui em Feira, tempos atrás, havia uma história de cabeça de boi enterrada próximo a uma das traves do Jóia da Princesa. Era uma desculpa que a torcida do Touro do Sertão inventava para justificar insucessos da equipe em seu mando de campo.
O Barradão, diferentemente, sempre foi um estádio muito respeitado e até temido pelos adversários. O dono da casa manteve, por longo período, um certo prestígio, por ser mandante que não dava oportunidades ao oponente. Fama que veio abaixo, nesta Série A 2017.
Isto é como derrocada de credibilidade de alguém que sempre fez as coisas corretamente, sem dar margem a arranhão em seu currículo, e de repente, comete o tal ato falho que joga por terra uma vida inteira ilibada.
Com direito a apelido, "mamão com açucar", dado pelo criativo narrador tricolor Silvio Mendes, o Vitória vê correr ralo abaixo uma trajetória que lhe deu muito trabalho construir. Virou saco de pancadas dentro de seu "santuário".
Como explicar, afinal, o que está acontecendo com o antes temido Vitória no Manoel Barradas? Bem, não dá para dizer algo sobre isto sem mencionar um outro lado da moeda, a bem sucedida campanha fora de casa. Afinal, as coisas se encontram relacionadas de algum modo. Se nos seus domínios o rubro-negro tem sido um fiasco, longe de Salvador os resultados são muito bons. O time nunca venceu tanto no mando advesário.
Esta segunda situação parece ser mais simples: com o futebol mais ou menos nivelado, por baixo, a arma mais poderosa das equipes de menor investimento cada vez mais se torna o contra-ataque. Como não há, no campeonato atual, muitas equipes diferenciadas, bem superiores tecnicamente, as que assim se consideram terminam por se lançar ao ataque sem grandes preocupações, não criam tantas chances - ou as desperdiçam em profusão - e acabam sendo surpreendidas.
Há, também, nesse "fenômeno", um pouco de menosprezo pelo adversário, algo que o futebol ou qualquer outro esporte não perdoa nunca. Alguns treinadores e jogadores imaginam poder vencer a qualquer momento, quando enfrentam equipes menores, se desconcentram na defesa e acabam sendo "punidos pela bola".
Mas e quanto aos sucessivos fracassos do Vitória no Barradão, nosso tema central? Não se trata de praga, maldição, cabeça de boi enterrada, nada disso. O problema está na precária preparação tática, técnica e algo de psicológico, também, entre comissãp técnica e elenco.
Os jogadores não entenderam que, para vencer em casa, precisam, e muito, da estratégia utilizada longe do Barradão: reconhecer, numildemente, as carências técnicas da equipe, e da necessidade de jogar no erro adversário. Em linguagem moderna, não se meter a "propor o jogo", pois disso não é capaz. O técnico Wagner Mancini tem boa noção e conhecimento, mas não consegue a pedagogia e a didática necessárias para sensibilizar os seus atletas.
E ainda comete erros crassos como o de domingo. Diante de penalidade máxima em seu favor, a chance real de fazer 2x1, permite o colombiano Trellez, bom jogador por sinal, mas uma incógnita quanto a cobranças da marca da cal, pegar a bola e bater. Eu teria chamado Uilliam Correia, o volante, um dos melhores chutes de toda a Série A, para uma conversa com ele: "é o pênalte mais importante de sua vida. Escolha o canto e solta um canhão de modo a vazar a rede". Poderia dar errado, mas a escolha certa seria esta, em vista da excelente performance deste jogador em arremates de média e longa distância.
Por fim, diante de tantos resultados ruins em sequencia, pode se dizer que o Vitória está quase lá: na Série B.
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19 de outubro de 2017 | 22h 57
Depois de dois grandes resultados, um empate fora de casa contra o Palmeiras em 2x2 e o triunfo na Fonte Nova por 2x0 frente ao líder Corínthians, o Bahia, do técnico Paulo César Carpeggiani, é goleado no Rio, pelo Flamengo, por 4x1. O Vitória, após excelente exibição no Paaembu, e um empate em 2x2 contra o vice-líder Santos, perde mais uma vez no Barradão, 3x2, de virada, para o Atlético do Paraná.
E assim se resume mais uma rodada ruim para a dupla de representantes baianos na Série A do Campeonato Brasileiro. Bahia e Vitória seguem lutando para fugir do rebaixamento a Série B em 2018. Continuam candidatíssimos a cair. O tricolor tem uma situação melhor, encontra-se quatro pontos a frente do primeiro time na zona da morte. O rubro-negro, que estagnou em 33, permanece como primeiro time fora do Z4 - uma posição nada, nada confortável.
O Ba-Vi, no próximo domingo, com mando de campo tricolor, é jogo-chave para ambos. Com 36 pontos, o time da casa vai contar com sua poderosa torcida e, ao meu ver, é favorito. Se vencer, não sou matemático, mas lhe daria 80 por cento de possibilidades de não cair.
Para o Vitória, que tem sido eficiente longe do Barradão, o triunfo é o único resultado que interessa. Como se acha na beira do precipício, uma derrota ou empate pode coloca-lo literalmente lá. Basta que a Ponte Preta ganhe o seu jogo.
Quanto a esse último jogo de cada equipe, nesta noite de quinta, melhor até tentar esquecer. O Bahia sofreu um placar elástico, mas a derrota, em si, não é uma surpresa. O Flamengo era mesmo o favorito neste confronto e deu a lógica. O time do Fazendão não conseguiu manter a boa sequencia de apresentações, mas sai dessa tríade de jogos dificílimos no lucro, com quatro dos nove pontos disputados - havia quem apostasse em que o time saisse zerado dos confrontos.
Em Salvador, o tragicômico Vitória chegou a estar vencendo o Atlético-PR por dois a um, virando no segundo tempo um placar acverso do início da partida. Criou oportunidades para "matar" o jogo, não o fez. E, não sei se você que assistiu a esta partida concorda comigo: vi alguns jogadores cometendo excessos em campo, com preciosismo e até mesmo jogadas de efeito. Em um jogo que teria que ser levado bem mais a sério.
O castigo logo veio e o time paranaense fez dois gols relampagos, colocando o placar mais uma vez, e em definitvo, a seu favor. A torcida do Leão (um felino que vai à caça com toda astúcia fora de sua selva, mas aparece sempre desdentado e com garras aparadas quando em seu habitat) deixou o estádio como se estivesse saindo do cemitério após um sepultamento. Um vexame.