O domingo é de decisões estaduais, no futebol brasileiro. O Campeonato Baiano, que mais nos interessa, tem a disputa do segundo Ba-Vi. Na Fonte Nova o clássico terminou empatado, em 1x1. E no Barradão, amanhã, quem vencerá? O Vitória, time da casa, atua por um novo empate por qualquer placar. Ao Bahia só o triunfo interessa.
Bahia e Vitória fazem uma sequencia de quatro jogos. Este será o último. Nos três primeiros, uma vitória de cada, mais um empate. Por enquanto, o Esquadrão de Aço está em vantagem, pois eliminou o rival na luta pela final da Copa Nordeste. Vai decidir com o Sport Recife, que passou pelo Santa Cruz. Acho o time pernambucano favorito nessa decisão, mas é assunto para outro dia.
Na disputa doméstica do título baiano, o Vitória, que parecia nocauteado após a derrota por 2x0 que o eliminou da Copa Nordeste, ganhou sobrevida ao empatar com o tricolor logo depois do fiasco, e mais uma vez fora de casa. Amanhã, nos seus domínios e diante da torcida, o rubro-negro pode dar o troco definitivo.
É um confronto que está em aberto. O fato de jogar em casa não dá ao Vitória nenhuma certeza de êxito. O Bahia tem evoluído e mesmo no empate de quarta, na Fonte Nova, não decepcionou a sua torcida. O que se vê são tricolores otimistas de vencer no Barradão e conquistar o título. Não estão equivocados. São boas as possibilidades. Claro que por ter a torcida a seu favor e a vantagem do empate, o Leão tem uma pequena vantagem.
Em Minas, decisão sem qualquer prognóstico entre o Atlético-MG e Cruzeiro, que empataram em 0x0 a primeira partida. O Galo é mais forte e vem embalado após golear fora de casa, pela Libertadores.
No Rio, o Flamengo venceu o primeiro duelo, 1x0, mas esta é outra decisão sem favoritismo. Semelhante ao Atlético de Minas, o rubro-negro carioca parece mais “afiado” por estar disputando a competição sulamericana.
Na decisão de São Paulo, quase não existe mais dúvida: o Corinthians é favorito absoluto, após golear a Ponte Preta no domingo passado por 3x0, no Moisés Lucarelli. Só um milagre. E logo dessa vez que o time de Campinas apresenta o mais bonito futebol no estado e tinha tudo para ser bem sucedido. O jogo será na Arena Corinthians. Pelo visto, ainda não vai ser dessa vez que a mais que centenária Macaca conquistará um Paulistão. O que é uma injustiça, por toda sua tradição. Afinal, em São Paulo, várias equipes bem menores que a Ponte já foram campeãs estaduais. Uma pena.
O Bahia superou o arquirival Vitória, em uma das semifinais da Copa do Nordeste, com méritos. Fez uma grande segunda partida, na Fonte Nova, vencendo o rubro-negro por 2x0. E já havia demonstrado estar mais ligado nessa decisão do que o adversário na primeira partida, no Barradão, quando perdeu por 2x1 em razão da expulsão de seu atleta Gustavo, infantilmente, ainda na etapa inicial. Mesmo naquele jogo, em que saiu derrotado, o tricolor demonstrou maior poder de fogo e não mereceu o resultado negativo.
Esse time do Vitória, realmente, não é grande coisa. Forte candidato ao rebaixamento na Série A que se aproxima. Deste elenco atual escapam o goleiro Fernando Miguel e o volante William Farias. Ninguém mais. O garoto David é uma promessa, que ainda não se confirmou. Merece novas oportunidades. O técnico Argel, que caiu, foi herói na luta contra a queda de divisão nacional, ano passado. Mas não inspirava mais confiança na torcida.
Do lado do Bahia, o time cresceu nesses dois Ba-Vis. Não vinha bem. Mas fez duas boas partidas, o que dá ânimo a sua torcida, para a decisão da Copa do Nordeste e também para os próximos duelos contra o próprio Vitória, que já se iniciam domingo, pelas finais do Estadual. Não é que o Esquadrão se tornou excepcional, não é isso. Mas sem dúvida alcançou uma evolução.
O elenco atual do Vitória, de fato, não é bom, longe disso, mas contra o Bahia, especialmente neste último jogo, na Fonte Nova, algo parece ter influenciado para que o time se apresentasse de maneira tão bisonha. No primeiro tempo, nenhum chute a gol. Me pareceu que os jogadores tremeram - isso mesmo, deram tremedeira - ao encarar os mais de 30 mil torcedores rivais no estádio. A equipe rendeu ainda menos do que sua pequena capacidade permite. O retorno de Kieza foi algo mal programado. Visivelmente fora de forma após quase um mês parado, foi um a menos em campo.
Do outro lado, o Bahia, mordido pela injusta derrota no clássico anterior, jogava com raça, disciplina tática, inspirado na categoria de Allione e nos chutes sempre perigosos de Edgar Junior. Acho o Sport favorito - ainda - ao título. Mas perdeu em casa a primeira da outra semifinal, contra o Santa Cruz. E o jogo foi na Ilha do Retiro. Tem time para devolver os 2x1 no Arruda ou até fazer mais. Se aqui a fatura está liquidada pelo Bahia, por lá a decisão está aberta.
Se o Sport vacilar e der Santa x Bahia na decisão, aí sou mais o tricolor da boa terra. Vejo o time de Salvador superior.
Foi muito ruim, o final de campeonato do Fluminense, com a série de derrotas que começou com o clássico local diante do Bahia de Feira. Foram quatro derrotas seguidas, culminando com a eliminação da final do campeonato. Uma delas, sonora goleada de 6x0 diante de outro arquirival, o Vitória, no Barradão. Nas semifinais, caiu duas vezes diante do Bahia da capital, uma delas por 3x0 em pleno Joia da Princesa.
Pode se dizer que o Flu, de Arnaldo Lira, decepcionou na reta final do Estadual. Surpresa desagradável, para quem acompanhou o ótimo início de certame, com direito a invencibilidade de quase 10 jogos. Se esperava muito mais da equipe feirense, após a eficiência demonstrada nos primeiros jogos.
Em que pese o fracasso justamente na hora da onça beber água, o que mostrou a realidade - o time não era o que se chegou a imaginar - não se pode deixar de reconhecer os seus méritos. Se a equipe montada por Lira e Zé Chico não correspondeu as expectativas mais otimistas, o terceiro lugar obtido no Campeonato Baiano não é algo a se desprezar, muito pelo contrário.
Afinal, o tricolor feirense retorna, em razão desta campanha, a disputa de uma Copa do Nordeste, o que não é pouca coisa. Essa competição regional, pelo incentivo financeiro aos clubes proporcionado pela Liga organizadora e pela visibilidade em razão das transmissões televisivas, tornou-se muito atraente. A torcida local terá bons jogos, no primeiro semestre de 2018.
Além do Nordestão, ano que vem, a temporada 2017 para o Fluminense reserva ainda a Série D nacional. Este é outro torneio importantíssimo, vez que pode representar acesso a terceira divisão do campeonato brasileiro. Só não foi possível conquistar vaga na Copa do Brasil, que ficou com o Vitória da Conquista, eliminado das finais pelo Vitória e classificado em quarto lugar no Baianão.
Portanto, galera tricolor, se não existe motivo de comemoração, não há lágrimas a derramar. Para um clube que três temporadas atrás amargava a segunda divisão do Estadual, participações garantidasna Copa do Nordeste e na Série D do Brasileiro significam, sim, alguma coisa. Isto posto, é possível concluir que a diretoria do Fluminense, e, porque não, o técnico Arnaldo Lira, tiveram atuações que se não atingiram o ideal da torcida, passaram muito longe de frustra-la, nesta primeira competição do ano. Portanto, estão com o seu crédito renovado.
Como acontece todo ano, salvo uma ou outra temporada excepcional, Bahia e Vitória devem decidir o Estadual 2017. O Conquista ainda tem alguma esperança, pois empatou em 1x1 o primeiro jogo em casa contra o rubro-negro e vai lutar por um triunfo no Barradão para se habilitar às finais. O time da casa atua por um novo empate. Mas o Fluminense de Feira, goleado pelo Bahia em pleno Joia da Princesa, 3x0, está virtualmente eliminado, só milagre. Tem que aplicar uma goleada em plena Fonte Nova e vencer por diferença de quatro tentos.
A presença da dupla Ba-Vi nas finais do certame regional é uma aposta difícil de dar errada pelo que todos sabem: a diferença abissal de investimentos e estrutura dessas equipes para as demais. Um jogador do Bahia ou do Vitória ganha o salário de todo um elenco de qualquer time interiorano.
Como exigir, então, que esses clubes menores possam desafiar os gigantes do Estado? Nunca alimentei esse tipo de exigência. Sempre compreendi que em virtude dessas diferenças tão visíveis não há como esperar que um Fluminense de Feira, um Vitória da Conquista ou um Juazeirense representem uma ameaça a soberania de quem detem um orçamento 10 vezes maior (seguramente mais que isto).
Feira de Santana e Vitória da Conquista poderiam ter equipes maiores, mais próximas da competitividade de Bahia e Vitória? Sim. Aí, é outra história. É o que acontece, por exemplo, na Paraiba, onde as equipes interioranas Treze e Campinense, de Campina Grande, são mais vencedoras do que o Botafogo de João Pessoa. Em Pernambuco, o Salgueiro encara, de igual para igual, os três grandes de lá. E o que dizer de São Paulo, onde os grandes Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo tem vida dura diante dos times menores do Estado?
O que há, nesses estados, e em tantos outros, que não se vê na Bahia? Dirigentes mais ousados e criativos; federações que se preocupam mais com os clubes menores; empresas regionais com maior participação e incentivo ao esporte; torcedores que buscam se envolver mais na vida dos clubes. Creio que sejam esses os pontos principais.
Alguém pode sugerir que aí se acrescente participação mais efetiva do poder público, através de publicidade oficial na camisa dos clubes. Em algumas cidades isso acontece, a exemplo de Feira de Santana. Mas essa parece ser a única cota publicitária mais robusta, no caso do Fluminense, por exemplo. Sozinho, esse apoio não resolve o problema.
Este ano, Bahia e Vitória, com suas equipes de futebol irregular, ofereceram a oportunidade de que alguma agremiação interiorana pudesse ao menos chegar à final do campeonato. O Fluminense ensaiou ser essa surpresa, mas ainda não foi dessa vez. De qualquer sorte, não se deve desconhecer os méritos dessa atual diretoria e do próprio técnico Arnaldo Lira. Para quem esteve até pouco tempo disputando a segundona estadual, as perspectivas do time de Zé Chico, Luiz Paolilo e companhia até que não está mal.