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04 de julho de 2017 | 13h 49
Antes de mais nada, descupar-me por estar no ar um texto - o anterior - com um problema técnico. Algumas palavras confusas, pela inserção de símbolos. Juro que não bebi quando estava escrevendo! É assunto para o suporte. Estamos diante de uma polêmica envolvendo a Copa Nordeste, um torneio simples, mas diante da fragilidade (para não usar outro termo) dos pobres estaduais da região, algo que se torna grandioso.
Sport Recife e Náutico estão revoltados por algo ainda não muito bem esclarecido e, segundo anunciam, dispostos a não disputar mais a competição. Em 2018, salvo engano, o Sport e o Salgueiro tem vaga direta, como campeão e vice do Estadual 2017. O Santa Cruz, terceiro colocado, deve enfrentar o Itabaiana, num mata-mata-seletivo para ver quem garante participação. E o Náutico, lanterna da Série B nacional e, sei lá, quarto ou quinto na competição doméstica, estaria fora de qualquer jeito.
Os dirigentes de Sport e Náutico alegam pouca rentabilidade, algo relacionado a divisão do dinheiro arrecadado com o televisionamento dos jogos. Dizem que as cotas são rateadas em partes iguais com os times considerados menores. Ou seja: querem a maior fatia do bolo.
É como na Série A, onde Corinthians, Flamengo e companhia arrecadam quatro, cinco vezes com a tv em relação a um Bahia ou Vitória. No caso do Nordestão, não se anuncia valores, motivo pelo qual entendo como confusa a alegação de Sport e Náutico. O que me causa curiosidade é o fato de que outros grandes da região não estejam a apoiar a atitude dos dois de Pernambuco. Ceará, Fortaleza, Vitória, Bahia e o próprio Santa Cruz parecem satisfeitos.
Ato mesquinho dessas duas equipes, assim compreendido pelos demais?
A CBF, por enquanto, apenas acompanha o desenrolar dos fatos. Mas vai precisar se manifestar. Afinal de contas é uma competição por ela chancelada. Ou se solidariza com Sport e Náutico e faz valer sua autoridade para abrir uma negociação, ou apoia a forma de agir da Liga Nordeste, organizadora da competição, e nesse caso, aplica as sanções que se fazem necessárias diante da recusa de um seu filiado à disputa de um torneio oficial.
Acho que as cotas devem ser iguais, sim. Isto dá aos clubes menores a possibilidade mínima de investimento. Os grandes que procurem faturar mais por outros meios, patrocinadores, sócio-torcedor, etc. E você, caro leitor e aficionado por futebol, que pensa sobre isto?
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28 de junho de 2017 | 23h 52
Temos um interessante contraste envolvendo as equipes baianas na disputa das séries A e D do Brasileirão. Na primeira divisão, a dupla Ba-Vi está morrendo abraçada. Ambas se encontram na zona de rebaixamento. Enquanto isso, na quarta divisão, Fluminense, Juazeirense e Jacobina estão classificados para primeira fase de mata-mata.
Bahia e Vitória se enfrentam domingo no Barradão. Um jogo em que o vencedor pode até não comemorar a saÃda da situação vexatória, permanecendo entre os quatro piores do certame, mas certamente afundará o perdedor na crise. Não há favoritismo.
O Vitória não é surpresa estar onde se encontra. A sua torcida já imaginava o fiasco desde o campeonato estadual, Copa Nordeste e Copa do Brasil. Mas sobre o seu arquirival, o Bahia, se alimentava outra expectativa.
Campeão da Copa Nordeste, o tricolor tevemum bom inicio de Série A e eu mesmo cheguei a escrever que, este ano, o time do Fazendão não se preocuparia com rebaixamento.
Pelo visto, estávamos todos iludidos. Bastou elevar o grau de dificuldade em uma sequência de quatro ou cinco jogos para a realidade surgir, assustando a grande torcida do Bahia. E, mais uma vez, a dura constatação: nossas duas equipes da elite devem lutar para não cair, em vez de nos brindar com uma campanha digna, ao menos lutando por vaga em Libertadores.
Na Série D, temos representantes do estado brigando a essa altura para recuar uma letra no alfabeto e avançar uma divisão. O Fluminense quase se encrencou no último jogo. Empatou as duras penas com o sergipano Itabaiana, em 1x1, no último minuto de jogo. Valeu o ótimo inÃcio na fase de grupos, quando venceu os dois primeiros jogos. Enfrentará o Souza, da Paraiba. Fará o segundo jogo em casa, no Joia. à favorito. Não há vantagem de dois resultados iguais.
O Juazeirense enfrenta o Campinense, também com o direito de decidir em casa. O Jacobina, diante do Ceilândia de BrasÃlia, terá que fazer o segundo jogo fora de casa. Se os times baianos da série D podem almejar a série C, os da Série A devem mesmo batalhar é para evitar a B.
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12 de junho de 2017 | 23h 33
Bahia e Vitória começam esta Série A do Brasileirão cada um com suas peculiaridades. O tricolor apresenta futebol consistente dentro de casa, onde já venceu três vezes. Mas não tem tido êxito longe da Fonte Nova. São três derrotas como visitante. Com 9 pontos, faz um bom início de certame, sem dúvida. Neste momento, em que pese a derrota para o Grêmio, 1x0, em Porto Alegre, não há por parte dos tricolores motivo para maiores preocupações em relação a rebaixamento. O Bahia está mais perto de brigar para ficar entre os 10 primeiros do que entre os 10 últimos.
O Vitória vem de uma exibição razoável frente ao São Paulo, mesm com derrota de 2x0, no Morumbi, e uma boa atuação no Barradão, domingo último, quando obteve seu primeiro triunfo na competição. Vinha de empate na estreia, em Florianópolis, contra o Avai, e de quatro derrotas seguidas. Segurava a lanterna. Agora, não mais. Ainda figura na zona de rebaixamento, mas, pelo menos nesse instante, sem o desespero de dias atrás.
Contra o Grêmio, o Bahia fez sua pior apresentação desses seis primeiros jogos do Brasileiro. O time não foi criativo, surpreendente e agressivo como vinha atuando, mesmo fora de casa. Faltou impetuosidade, confiança, algo assim. Afinal, a equipe da casa não fez grande atuação. Se o time baiano ousasse mais, poderia ter sido outro o resultado. Me pareceu um pouco cansado, medroso, esse Bahia da noite desta segunda-feira.
O Vitória não encheu os olhos, nada fez de espetacular, para vencer o Galo. O time mineiro, mais uma vez candidato ao título, é que não jogou nada. Foi um arremedo, uma caricatura, como diziam os comentaristas mais antigos. Li nos comentários dos torcedores uma revolta muito grande. Afinal, a equipe de Robinho, Fred e companhia veio a salvador como franca favorita, enquanto o time da casa, franco atirador. É claro que o Leão da Barra mostrou alguma evolução, especialmente motivada pelo camisa 10 Neilton, que fez um golaço, e pela raça de Kanu, de retorno à defesa vermelha e preta.
Muito contestado em sua contratação, o ótimo ex-meio-campo Galo (agora treinador Alexandre Galo), parece ter provocado algum animo no até então combalido elenco rubro-negro. Alguns jogadores demonstram mais vontade, estão se dedicando muito. E esse foi o grande mérito do Vitória frente ao Atlético - longe, portanto, de o time de Galo ter tido uma exibição de gala.
Fato é que, antes das 10 primeiras rodadas, o Brasileirão se revela sempre uma incógnita. Até lá, a competição costuma apresentar o que chamamos de "cavalo paraguaio" - um ou mais times que mostram uma força aparente, mas que logo revelam sua verdadeira face, sobretudo quando seus principais atletas sofrem contusões e se vê que não há substitutos para manter o nível. Ou quando adversários desentrosados no início vão evoluindo e aos poucos assumindo seu protagonismo.
Se faz, portanto, muito prematuro, qualquer avaliação. Quem está muito lá embaixo, com dois ou três triunfos pode ir para o alto da tabela, e vice-versa, no caso de que ocupa as primeiras posições e sofre duas ou três derrotas. Por ora, Corinthians e Grêmio pintam como fortes candidatos ao título - equipes que não costumam ser "cavalo paraguaio". Quanto a rebaixamento, aí não temos apenas um par de times. São vários.
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25 de maio de 2017 | 13h 49
Bahia, campeão do Nordeste. Da melhor edição do torneio, dentre todas já realizadas. Com méritos. O time tricolor foi superior ao Sport Recife no escore ao final dos dois jogos com justiça ao que produziu em campo. Um time mais consistente, melhor arrumado em campo (louve-se o trabalho do questionado técnico Guto Ferreira) e com valores individuais que se sobressairam mais, em que pese, de nome, o rubro-negro pernambucano tivesse mais destaques.
Na primeira partida, em Recife, o Sport já dava demonstrações de que vive um momento inferior ao adversário. O Bahia vinha da perda do Campeonato Baiano para o Vitória, mas naquele jogo da Ilha do Retiro mostrou que não havia abalo psicológico algum. Jogou de igual para igual, mesmo em terreno adversário, abriu o placar e permitiu o empate, mas sem deixar dúvida, naquele 1x1, de que o favoritismo dos pernambucanos - que eu mesmo havia destacado em crônica anterior - tinha ficado para trás.
Na Fonte Nova, ontem, diante de sua numerosa e apaixonada torcida, o Bahia não se mostrou preso a vantagem de atuar por um 0x0, que lhe daria o título. Jogou com personalidade desde o primeiro minuto e criou chances reais de gol até marcar com Edgar Junior, com direito a uma cavadinha que encobriu o goleiro Magrão. Um golaço.
O Sport fez um sofrível primeiro tempo. Diego Souza, Rogério, André e companhia não conseguiram produzir o que deles se esperava. Do outro lado, Régis, que voltava ao Bahia, comandava o time rumo a uma vitória que parecia certa e, mais tarde, viria a confirmar-se. A expulsão de Rogério, ainda no primeiro tempo, foi um erro de arbigtragem. Ao contrário do que disseram os colegas da TV Bahia que transmitiam o jogo, o atacante não simulou penalte. Ele foi travado mesmo por uma alavanca do zagueiro.
Tudo bem que não se marcasse penalte. Mas aplicar um segundo cartão amarelo e mandar embora o atleta, foi um absurdo. O narrador da tevê dizia que Rogério "sequer reclamou", o que o levava a crer que teria aceito a expulsão como justa. Um equívoco. Não sair berrando com o árbitro não quer dizer nada. Alguns reclamam, saem chorando. Outros não.
Este fato, no entanto, não pode ser visto como decisivo para o resultado. O Bahia já era muito melhor com 10 contra 10. Veio o segundo tempo, o Sport até melhorou um pouco. Partiu para o tudo ou nada. O time da casa poderia ter aproveitado e liquidado a fatura em várias chances. Não o fez e quase pagou caro por isto. Prevaleceu, ao final, o melhor momento do time baiano, sua melhor arrumação tática e a força do mando de campo - leia-se o magnífico apoio da massa, além de melhor campanha. A taça ficou com quem deveria.
A conquista do Bahia, por se tratar do clube de maior popularidade no Nordeste, dá a este certame um status ainda maior. A repercussão nacional é muito grande, como aconteceu no ano passado, com o título de outro gigante da região, o Santa Cruz. É uma competição que a cada ano se torna mais importante no calendário do futebol brasileiro.
Pela camisa e tradição, o Bahia ficou tempo demais sem um título da Copa Nordeste, 15 anos. Em 2015 e 2016 esteve perto, sendo vice e semifinalista nessas temporadas, respectivamente. A boa sequencia, que culmina com a conquista de 2017, sinaliza realmente que "o campeão voltou", como gritou a torcida do Esquadrão a plenos pulmões na Fonte Nova na festiva noite.
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23 de maio de 2017 | 20h 35
Assisti algumas vezes o meia-atacante Rafael Granja jogar. Ele acumula várias passagens pelos clubes do interior da Bahia e já é uma figura carimbada, muito conhecida. No Fluminense de Feira, onde atua no momento, deve ser o principal jogador da equipe, não tenho certeza. Na semana da estreia do Flu na Série D, conversando com alguém que conhece o elenco do time feirense, esse interlocutor manifestava uma preocupação: a forma física de Granja.
Embora elogiasse a sua técnica, o observador analisava que, com condicionamento físico longe do ideal, e também o desgaste pela idade (quantos anos tem o Granja?), não suportaria a “responsa” (criar e marcar no meio campo). A exibição do jogador contra o Itabaiana, em Sergipe, mostrou que a avaliação pode estar equivocada. Ele teve participação decisiva no 4x1 que o Touro do Sertão aplicou neste adversário tradicional na região, e longe do Joia da Princesa.
Três gols em uma mesma partida não é algo que um jogador possa fazer se estiver mal condicionado. E não foram gols que ele achou debaixo da trave. Eram situações relativamente difíceis, que exigiram do atleta muita força (física), visão de jogo e apurada técnica, este último item algo comprovadamente nato no jogador.
Que bom que não estava correta a previsão. Rafael Granja parece estar nos trinques para esta Série D e promete muito. O Fluminense de Feira, que já foi vice-campeão brasileiro de uma Série C, fez ótima campanha na D do ano passado. Sua diretoria pensa grande. Quer a conquista de uma das quatro primeiras colocações em 2017 para ascender de divisão na temporada seguinte.
A torcida tricolor encontra-se entusiasmada, após a excelente estreia. O time também iniciou bem o Estadual, mas claudicou nas rodadas decisivas e não conseguiu chegar onde poderia e se almejava. Já vimos que Série D é pedreira, mas sem mistérios para o Flu. O time tem camisa e tradição para ir longe. Com novo técnico, revitalizado com algumas boas contratações, esperamos que também tenha elenco. Aguardemos um pouco mais.
Ah, e você, Rafael Granja, está de parabéns. Grande exibição. Belos gols. O Fluminense precisará muito do seu futebol para atingir objetivos e alegrar a esta grande e resistente nação tricolor.