Fluminense e Bahia de Feira encerraram neste fim de semana os “jogos de ida”, primeiras três partidas desta fase, digamos, preliminar da Série D do Campeonato Brasileiro, de forma equilibrada, com boa expectativa de classificação em seus respectivos grupos. Foram bons, os resultados das equipes locais. Sábado o Bahia de Feira arrancou um empate em 0x0 na Arena das Dunas, em Natal, frente ao líder da chave, o América, 7 pontos.
O Tremendão, com 4 pontos, está em terceiro, neste momento, portanto, fora da zona de classificação. O segundo lugar é do outro América do grupo, o de Recife, com 6. Mas agora é o Bahia de Feira que fará dois jogos em casa e um fora, terminando esta fase.
Tendo a Arena Cajueiro como seu “alçapão”, especialmente devido a grama sintética, tem amplas possibilidades de vencer os dois jogos em seus domínios e classificar-se, tirando este segundo lugar temporário do América pernambucano, em tese seu grande rival nesta disputa, considerando-se o favoritismo para liderança da chave por parte dos americanos de Natal.
O Fluminense fez o dever de casa, derrotando o lanterna Coruripe de Alagoas, 2x0, no Joia da Princesa. Encerra os “jogos ida” da fase com um segundo lugar, 5 pontos, frutos deste triunfo e de dois empates. O líder é o Salgueiro, 7 pontos. O Sergipe está na cola de ambos, com 4 pontos ganhos.
Diferentemente do Bahia de Feira, o Touro do Sertão fará apenas um jogo em casa e dois longe do Joia e de sua torcida, o que dificulta as coisas. Terá que vencer o visitante Sergipe, e arrancar pelo menos um ponto longe daqui. Aí seria suficiente, tudo indica, para manter esta segunda posição. Caso ambicione a liderança, precisará não de empate, mas uma vitória no terreno adversário. Tem potencial para tanto.
O final de semana de decisões nos campeonatos estaduais reservou algumas boas emoções para os torcedores. Na Bahia, não há que se reclamar. Tivemos uma grande final entre os homônimos tricolores, o de Salvador e o de Feira de Santana. Dois grandes jogos fizeram estas equipes, no Joia da Princesa e na Arena Fonte Nova. Falaremos aqui mesmo sobre esse interessante confronto regional.
Um dos mais “charmosos” estaduais, o do Rio de Janeiro teve uma decisão sem graça, com um Flamengo nunca tão superior, diante de um Vasco muito longe, em investimento e tudo o mais que se quiser comparar com o time da Gávea no momento. Dois a zero nos dois jogos finais, para não deixar qualquer duvida quanto a grande diferença, hoje, desses times tradicionais.
O São Paulo vai continuar na fila, no Paulistão. O Corinthians, com sua peculiar frieza, empatou a primeira partida fora de casa e derrotou o rival neste domingo, 2x1, em seu estádio, sagrando-se campeão paulista de 2019, contra os prognósticos de muita gente – justos prognósticos, diga-se, pois o time da Arena Itaquera, tecnicamente, talvez seja o mais fraco dos grandes no Estado.
No Rio Grande do Sul, o Grêmio, que vive um bom momento – não aquele do título da Libertadores, dois anos atrás, mas ainda superior ao aguerrido Internacional – levou a melhor, derrotando o arquirrival em sua Arena, ainda no sábado, em disputa de penalidades, após igualdade em dois confrontos.
O Cruzeiro, do interminável Fred, artilheiro nacional até aqui na temporada, com 15 gols, derrubou um Atlético Mineiro que perdeu a confiança do seu torcedor com uma pífia, até aqui, campanha na Libertadores da América. Os azuis de BH, inegavelmente, tem uma equipe bem mais qualificada.
O Atlhetico Paranaense, ao derrotar o Toledo, 1x0, sagrou-se campeão estadual. Essa conquista guarda um detalhe curioso. O time da Arena da Baixada atou em todo o certame com um elenco alternativo, poupando os titulares para a Libertadores da América, onde vai bem, diga-se. E mesmo com um quadro reserva, superou Coritiba e Paraná Clube, os outros grandes do Estado.
No Nordeste, além do Bahia campeão, o Fortaleza, de Rogério Ceni, conquistou o título até com alguma facilidade diante do Ceará, derrotado nas duas partidas finais, hoje por 1x0 com mando de campo cearense,
Nos pênaltis o Sport conquistou o Pernambucano frente ao Náutico. O rubro-negro, atuando em sua Ilha do Retiro, venceu o primeiro jogo nos Aflitos, deu pinta de que teria uma certa tranquilidade no segundo confronto, em casa, mas recebeu um visitante indigesto, que saiu atrás no marcador e conseguiu virar o jogo, 2x1.
Aqui, onde o Brasil foi descoberto, o Bahia de Feira lutou bravamente, mereceu ser aplaudido, e foi, ao final do jogo em que caiu para o Bahia da capital, 1x0, gol de pênalti. Os feirenses também tiveram um pênalti a seu favor, poderiam ter empatado, mas Vitinho desperdiçou a cobrança. Pesou, e muito, aquele gol sofrido na primeira partida do duelo, quando o Tremendão vencia por 1x0 - foi superior e merecia até um placar mais elástico – e cedeu o empate aos 52 minutos do segundo tempo.
O jogo da Arena Fonte Nova, onde o Bahia de Salvador costuma atropelar adversários interioranos, foi muito equilibrado e o time do professor Jodilton, dirigido pelo bom técnico Quintino Barbosa, encarou o supercampeão estadual (completou 48 títulos) de igual para igual. Merecem parabéns todo o elenco, comissão técnica e diretoria do vice-campeão Bahia de Feira, chamado de “terceira força” estadual, pelo experiente volante campeão Nilton, em entrevista ao radialista Wilson Passos.
Não apenas pela ótima campanha, mas por sua estrutura e organização, o Bahia de Feira é, no momento, o mais competitivo time do interior da Bahia. Se mantiver a pegada, pode almejar uma vaga na Série C nacional em 2020. A Série D está aí, na porta.
No ano em que inaugurou seu estádio próprio, com alojamento para jogadores profissionais e, ao mesmo tempo, amplia o seu projeto de formação de talentos nas divisões de base, o Bahia de Feira chega a sua segunda final de Campeonato Estadual. Dono da melhor campanha dentre os 10 participantes da competição, em sua fase classificatória, avançou nas semifinais eliminando o Vitória da Conquista com um empate fora de casa e o triunfo domingo último, na Arena Cajueiro, 2x1.
Vai enfrentar o Bahia da capital fazendo o primeiro jogo das finais no Joia da Princesa, e não em seu campo próprio, por causa da maior capacidade de público do oficialmente batizado estádio Alberto Oliveira, O tricolor de Salvador, obviamente, se sentirá praticamente em casa, uma vez que terá maior torcida em seu favor.
Essa classificação para as finais do Estadual coloca o Bahia de Feira automaticamente na Copa do Brasil e na Série D do Campeonato Nacional de 2020. Se for o campeão, ainda consegue vaga na Copa do Nordeste da próxima temporada. Copa do Brasil paga algo em torno de 450 mil reais para equipes que disputam sua primeira fase. Ou seja: superar o Vitória da Conquista valeu, no mínimo, a folha de pagamento do clube para um Baianão inteiro.
O Tremendão pode ser a segunda equipe do interior a ter duas estrelas de campeão na camisa. O outro destaque interiorano, em títulos, é o Fluminense, vencedor de 63 e 69. O Bahia de Feira, alcançaria a glória do seu antigo rival e, mais uma vez campeão, consolidaria uma condição que, de algum modo, deverá atingir em pouco tempo: o de terceira força do futebol da Bahia.
Sua organização, tendo à frente um empresário muito bem sucedido e que sabe onde pisa, Jodilton Souza, certamente propiciara ao Bahia de Feira um prestígio maior e resultados mais expressivos do que os seus concorrentes de fora da capital.
Quanto a esta decisão, claro, o Bahia de Salvador é o favorito. No entanto, sua torcida deve pôr a barba de molho. Recentemente, o time do Fazendão sofreu derrotas que não deixam dúvida quanto a sua instabilidade. Perdeu em casa para o Sergipe e no Maranhão para o Sampaio Correia, revezes que o eliminaram precoce e até humilhantemente da Copa do Nordeste, competição em que já havia protagonizado outro vexame: a perda do título para o próprio Sampaio, ano passado.
Sim, o Bahia de Feira pode e deve sonhar com o título. Ele não está tão distante como se pode imaginar.