Joseph Conrad, na obra prima intitulada "O Coração das Trevas", traz a fala do personagem Kurtz, um europeu que enlouqueceu no Congo e que resume a história colonial da África: "O horror, o horror". Francis Ford Copolla baseou-se no livro para filmar "Apocalipse Now". A insanidade da guerra foi retratada na cena antológica em que helicópteros arrasam um vilarejo ao som da "Cavalgada das Valquírias", de Wagner. E Marlon Brando, como Kurtz, define o que a guerra deixou: “O horror, o horror”.
Apesar de ter a quarta população do Brasil (15 milhões), a Bahia tem uma dramática situação social. O estado (PIB R$ 286.240.000) perdeu a sexta posição na economia para Santa Catarina (PIB de R$298.227.000). Paraná, quinto colocado, tem PIB de R$ 440.029.000 milhões. O PIB per capita, no entanto, em 2018, foi de R$ 19.324, o que nos deixa em 18º lugar. Quando analisamos a renda per capita, em 2019, a Bahia ocupou o 20º lugar, com R$912 reais por habitante.
Em compensação, a Bahia é o estado com maior número de homicídios, por 4 anos seguidos. Em 2019, o Mapa da Violência mostrou que a Bahia teve a maior quantidade de mortes violentas do Brasil. De 2008 a 2018 o número de homicídios aumentou em 40,8%, sendo que a Bahia ocupa o quinto lugar no ranking da taxa de homicídios entre jovens por 100 mil habitantes, com índice de 110,7.
Temos 13 mil presos, sendo 6.300 provisórios, mas, segundo o Monitor da Violência, temos a mais baixa taxa de presos por 100 mil habitantes do país, com 103, enquanto Pernambuco tem 350 e São Paulo 501. A média brasileira é 335. Temos 33 mil policiais militares e 5 mil no setor civil, mas o número de policiais por habitante é apenas 70% do necessário. A taxa de homicídio é de 40-50 por 100 mil habitantes, enquanto em São Paulo é em torno de 10 por 100 mil.
O gasto per capita é R$290,12, o que nos colocou em 8º lugar, em 2018. Ou seja: falta polícia, falta investimento e somos o estado em que mais se mata, embora sejamos o estado em que menos se prende. O retrato perfeito do desmando na área de Segurança é o afastamento do Secretário de Segurança Pública, Maurício Barbosa, no âmbito das investigações da Operação Faroeste.
Na educação, o desastre não é menor. A taxa de analfabetismo é a maior do Brasil, com 13%. E cresceu 3% em relação a 2016. No IDEB, temos o terceiro pior resultado no ensino médio (média 3,5) e segundo pior no ensino fundamental (média 4,5). É uma educação que mutila o futuro e condena essa população ao emprego de baixa renda e a dependência do poder estatal.
Não é à toa que temos tantos pobres. Na Bahia, em 2019, quatro em cada 10 moradores (40,4% da população) estavam abaixo da linha da pobreza monetária. E pouco mais de 1 em cada 10 (12,5%) estava abaixo da linha de extrema pobreza, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este valor é o maior registrado em todo Brasil, dando ao estado o segundo maior número absoluto de pobres (6,006 milhões de pessoas) e o maior de extremamente pobres do país (1,853 milhão).
Quando olhamos o índice de Gini, que mede a desigualdade social, vemos que ela tem aumentado. Em 2019, o Índice de Gini do rendimento médio mensal de todos os trabalhos no estado, mostra que ele subiu do 9º maior em 2018 (0,524) para o 7º em 2019 (0,533). O Índice de Gini mede a desigualdade e vai de 0 a 1, sendo mais desigual quanto mais próximo de 1.
A Bahia tem sido uma capitania hereditária, ao longo da história. E esse é o legado dos grupos no poder – o passado e o atual. Diante da brutal violência social que temos, do modelo de administração que se perpetua, das perspectivas atuais e do que vemos fora da massiva propaganda que vende ficções, só podemos repetir: “O horror, o horror”.
A nova pesquisa da Folha de São Paulo mostrou que Bolsonaro continua com aprovação em alta. Opositores, que sonham tirar Bolsonaro do poder – como os que sonhavam tirar Lula –, acham que esse tipo de líder é um ser isolado, que chegou ao poder pelo acaso e cometem, aí, seu erro fatal. Bolsonaro, como Lula, encarnam uma maioria de brasileiros, um tipo de brasileiro que se encontra representado – na estética e nos valores –, nesse tipo de liderança. Por isso a aprovação não cai.
O percentual de brasileiros com horror ao “Bozo do Centrão” ou ao “Chefão inescrupuloso, cujo governo fazia negociatas por baixo do pano e recebia propina na casa dos bilhões”, é a parcela menor da sociedade, que exige mais estética de ambos e busca um líder com valores mais próximos do estadista, embora tenham uma absurda capacidade de escolher errado.
Esse brasileiro bolsonarista, assim como o brasileiro lulista, não larga o poder facilmente, depois que se sentem representados no status quo.
É preciso algo maior, que quebre a espinha do poder, para que ele caia. Foi assim com a Lava Jato, em relação ao estado de devassidão moral que o PT implantou; poderia ser assim com a pandemia em relação a Bolsonaro, com a quebra da economia.
O problema para quem esperou por isso foi que o governo agiu certo com as medidas econômicas, até aqui (embora seja capenga e abjeto na saúde), o que resultou no crescimento de Bolsonaro, nas pesquisas. Caso o ministro Guedes, o Posto Ypiranga, mantenha a performance e a economia sobreviva, ele continuará sendo o grande favorito à reeleição.
O escritor britânico John Le Carré morreu, aos 89 anos, nesse último sábado (12), em Cornwall, informou, neste domingo. sua editora, que divulgou um comunicado da família.
O grande sucesso veio com seu terceiro livro, "O espião que veio do frio", publicado em 1963. "O espião que sabia demais", transformado em filme e série, também se destaca entre suas obras, além de "A guerra no espelho", de 1965, e "O alfaiate do Panamá", de 1996.
Para os fãs de história de espionagem como eu, fica a perda de um grande autor, afinal, ele escreveu as melhores.
A FDA (Food and Drug Administration), poderosa agência de regulação de medicamentos dos Estados Unidos, aprovou a liberação do uso emergencial da vacina contra a Covid-19 produzida pelas companhias farmacêuticas Pfizer e BioNTech.
Até agora, apenas quatro países haviam aprovado o uso emergencial desse imunizante: Reino Unido, Canadá, Bahrein e México. Segundo a FDA, a vacina da Pfizer “atende aos critérios legais para emissão nos EUA”.
No entendimento do órgão, “a totalidade dos dados disponíveis fornece evidências claras de que a vacina pode ser eficaz na prevenção da Covid-19”. A CDC, outra agência norte-americana, precisa fazer a liberação, para que a vacinação seja iniciada.
No início de novembro, a Pfizer anunciou que sua vacina tem eficácia de 95% na prevenção doença, segundo dados iniciais do seu estudo da terceira e última fase de testes. Os dados foram publicados na mais conceituada revista cientifica do mundo: a New England Journal Medicine.