A classe que havia ascendido com as políticas sociais e a classe média são os que sempre sofrem e têm de fazer restrições. Os ricos mudam seus investimentos, deslocam seu dinheiro e alguns até ganham mais. Os demais pagam a conta.
Com o grande acordo que se desenha em Brasília e Renan assumindo o papel de fiador do governo Dilma, parece que a presidente melhora sua condição. Assim, os protestos do dia 16, marcados em muitas cidades, serão um termômetro pro governo.
Se forem grandes, colocarão pressão na classe política de Brasília. Se forem pequenos, Dilma voltará a caminhar de forma mais tranqüila.
Janot foi reconduzido ao cargo na PGR; Renan escapará da Lava-Jato, se não aparecerem novidades; o PT irá se livrar de Cunha. Provando que o universo conspira a favor, todo mundo conseguiu o que queria. É muita sorte.
Seguindo conselho de Lula, a AGU e a CGU farão acordo de leniência com as empresas construtoras, permitindo que elas continuem a operar. Encontros de Emilio Odebrecht com Lula e FHC – certamente para tratar de amenidades - resultaram na operação abafa que está acontecendo em Brasília, com a presença de Lula. Agora, é esperar para ver se os russos da Lava-Jato não aparecerão com surpresas.
Engraçado que alguns rejeitam a delação premiada afirmando que isso não seria ético. Entre ladrões, criminosos, é bom esclarecer. Quer dizer: roubar, mentir, ocultar, prejudicar a sociedade é que seria errado. Praticar a omertá, a lei do silêncio, das máfias seria mais nobre. A Justiça usar armas legais para combater o crime e proteger os cofres públicos é inadequado; manter-se inoperante é que seria o correto. São mesmo tempos estranhos. Ou de oportunistas.
A Presidente da República, com a administração em frangalhos, segue a reboque do destino e ao Deus dará. Sem liderança, carisma, capacidade de articulação e, por vezes, desconectada da realidade, ela não consegue impor uma agenda positiva, nem vencer as votações na Câmara dos Deputados, ou recuperar a confiança dos investidores. A sua rejeição atinge os maiores níveis já registrados no país para um presidente, sendo ainda mais terrível por ser início de governo.
Nada que não fosse esperado e já não tivesse sido alertado. Lula nos legou Dilma de forma irresponsável, pois sabia de suas limitações. Mesmo sabendo, apostou no caos.