Com a agilidade que só culpados costumam ter, os deputados atuam para votar, a toque de caixa e sem sequer passar pelas Comissões, uma PEC que garante e blinda ainda mais os parlamentares de prisões e punições.
Enquanto a PEC da Impunidade caminha de forma veloz, a PEC do fim do Foro Privilegiado e da Prisão em Segunda Instância mofam, nas gavetas, há quase 800 dias. Ou seja: para proteger culpados não falta correria; para porteger o cidadão, não falta lerdeza.
"Hoje aquele espaço faz parte da área urbana dentro da principal avenida de Feira de Santana e a universidade tem uma área ampla. O estado tem outras áreas em posição menos privilegiada do ponto de vista urbano onde a universidade pode colocar o horto”.
O governador Rui Costa cedeu 8000 metros do horto florestal da UEFS ao Tribunal de Justiça, e disse que uma área em espaço nobre como essa não era a adequada ao horto, e que ele deveria ocupar “áreas menos privilegiadas”. O governador revela uma visão preocupante de urbanismo. A verdade é que justamente nos espaços centrais, com alta densidade populacional , é que a preservação de espaços verdes é mais fundamental, portanto, retirar área verde do centro é um imenso equívoco.
Retirar uma área de pesquisa, de uma Universidade, sem sequer preparar sua substituição é um segundo equívoco importante e péssima sinalização, até porque a recuperação do horto é um processo longo e há espécies que se perderão. Aliás, é possível imaginar que o governador não esteja muito atento a missão daquele espaço porque confundiu horto com horta.
O terceiro equivoco é que isso foi feito mesmo o estado tendo uma imensa área ao lado do Hospital Colônia, ou seja, do outro lado da rua. A necessidade do Fórum não é superior a preservação de áreas verdes “privilegiadas do ponto de vista urbano”.
Bolsonaro, na sua missão de engolir o Centrão, barrar o impeachment, salvar a família da rachadinha, e ganhar apoio do Congresso, cedeu o Ministério da Cidadania a João Roma, um notório aliado de ACM Neto, o que disparou os boatos da aderência do líder baiano a Bolsonaro, especialmente depois da rasteira que deu em Maia, na eleição para presidente da Câmara. Foi o bastante para o presidente do DEM reagir: considero lamentável a aceitação, pelo deputado João Roma, do convite do Palácio do Planalto para assumir o Ministério da Cidadania".
Até aí, tudo bem, ele tem o direito de tentar estabelecer uma posição, embora já tenha dito em outro declaração, que nada podia ser descartado em 2022.
O que soou exagerado -afinal dois membros do DEM são ministros de governo- foi a declaração a seguir:
"Se a intenção do Palácio do Planalto é me intimidar, limitar a expressão das minhas opiniões ou reduzir as minhas críticas, serviu antes para reforçar a minha certeza de que me manter distante do governo federal é o caminho certo a ser trilhado, pelo bem do Brasil”
Não se conhece impactos de criticas de ACM Neto a Bolsonaro, nem liderança nacional que exerça como opositor ao governo, que merecesse perseguição do presidente da República.
Vamos ver a oposição que vai fazer para termos a certeza que não foi só jogo de cena.
Aras: “É hora de corrigirmos rumos para que o lavajatismo não perdure”.
A maior operação de combate à corrupção do mundo foi sepultada, hoje, com o ato formal assinado por Augusto Aras. A força-tarefa da Lava Jato no Paraná passou a integrar o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Federal (MPF).
Foram quase sete anos de intenso combate à corrupção, totalizando 79 fases, 1.450 mandados de busca e apreensão, 211 conduções coercitivas, 132 mandados de prisão preventiva e 163 de temporária.
Segundo o MPF, foram colhidos materiais e provas que embasaram 130 denúncias contra 533 acusados, gerando 278 condenações (sendo 174 nomes únicos) e chegando a um total de 2.611 anos de pena.
Foram também propostas 38 ações civis públicas, incluindo ações de improbidade administrativa contra três partidos políticos (PSB, MDB e PP) e um Termo de Ajuste de Conduta firmado. A isso ainda se somam 735 pedidos de cooperação internacional – sendo 352 pedidos a outros países (ativos) e 383 passivos (solicitações de outros países ao MPF).
Em 2015, foram 66 pedidos ativos e oito passivos, enquanto que, em 2019, foram 67 ativos e 133 passivos. A evolução desses dados demonstra a seriedade e a eficiência da operação, que passou a cooperar com investigações do mundo todo.
Nesse período, mais de R$ 4,3 bilhões foram devolvidos aos cofres públicos, por meio de 209 acordos de colaboração e 17 acordos de leniência, nos quais se ajustou a devolução de quase R$ 15 bilhões.
“O legado da Força-Tarefa Lava Jato é inegável e louvável, considerando os avanços que tivemos em discutir temas tão importantes e caros à sociedade brasileira”, afirma Alessandro José de Oliveira, que substituiu Deltan Dallagnol e, agora, será o coordenador do núcleo da Lava Jato no Gaeco.
De acordo com o MPF, cinco dos 15 integrantes da Força-Tarefa passaram a integrar o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado e darão continuidade aos trabalhos da operação.
Embora tenha dito, em sua sabatina no Senado, que apoiava a Força-Tarefa, Aras sempre foi crítico da atuação da Lava Jato. Travou diversas quedas de braço com os procuradores e tentou obter todos os dados da Lava Jato para a PGR, sendo impedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Aras: “o lavajatismo há de ser superado pelo natural, bom e antigo enfrentamento à corrupção”.
Ele conseguiu. A esperança do brasileiro foi sepultada, definitivamente, por Augusto Aras. Foi a vitória do establishment, dos criminosos, dos políticos corruptos, oportunistas de plantão e cúmplices morais da corrupção.